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Nossa Cidade

Boletim Sisnov mostra aumento de notificações sobre violência doméstica

 

A 11ª edição do boletim do Sistema de Notificação de Violências (Sisnov) de Campinas, apresentado na tarde desta quinta-feira, dia 14 de dezembro, na Prefeitura, em encontro com as lideranças das secretarias envolvidas e imprensa, aponta alta nas notificações de atendimento de violência doméstica pela rede de cuidados e apoio do Município.

 

 

Em 2016, foram 2.136 notificações, acima das 1.814 de 2015 e das 1.227 de 2014. É o maior número desde 2009, quando foi instituída a obrigatoriedade nacional de notificação de casos de violência atendidos pela Saúde, Assistência, Segurança e Educação.

 

 

Os dados somam violência do tipo interpessoal, intrafamiliar ou urbana/comunitária, contra mulheres, crianças e adolescentes, idosos e de natureza sexual, e a violência autoprovocada (tentativa de suicídio). O aumento das notificações não está ligado necessariamente ao aumento da violência, analisa o coordenador técnico do Sisnov, o médico Carlos Avancini. Ele acredita existir uma sensibilização dos profissionais de atendimento para detectar as situações e também um fortalecimento das vítimas para denunciar.

 

 

Os números são analisados em vários aspectos, gerando informações importantes para a compreensão de como a violência doméstica se divide em natureza de atos, autores e perfis das vítimas.

 

 

A principal forma de violência ainda é a física, com 610 casos em 2016; seguida pela negligência, 524 notificações; e sexual, 393. A quarta forma de violência mais recorrente foi a autoimposta, a tentativa de suicídio, com 307 casos registrados no ano passado em Campinas.

 

 

Os familiares próximos ainda são os autores da maioria das agressões, com cônjuges, pais e mães/madastras encabeçando a categoria.

 

 

Violências x Cultura de Paz

 

 

Pelo relatório, também é possível identificar o perfil da violência contra criança e adolescente, contra mulher adulta – violência de gênero, contra a pessoa idosa, de natureza sexual, tentativa de suicídio, e de negligência contra criança e adolescente (de 0 a 17 anos).

 

 

Esse último recorte dos dados, a violência por negligência/abandono, chamou a atenção dos analistas por ser a segunda forma mais frequente em todas as fases da vida (22,6%) e a primeira para o grupo entre 0 e 17 anos no período de 2013 a 2016. O acumulado de notificações para violência de negligência/abandono nesse período corresponde a 1.228 notificações, com predomínio da faixa entre 0 e 11 anos, com 911 notificações (74,2%), destaca o boletim Sisnov.

 

 

A negligência, avalia o coordenador técnico Carlos Avancini, deve ser compreendida em um contexto social, cultural e até de desamor, desafeto e descuido, quando há uma intenção por trás do maltrato. É a violência de pessoa a pessoa, geralmente de quem deveria estar cuidando contra quem deveria estar sendo cuidado.

 

 

Pela instrução do Sisnov, a violência de negligência é definida como: “(…) a omissão pela qual se deixou de prover as necessidades e os cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da pessoa atendida/vítima. Ex.: privação de medicamentos; falta de cuidados necessários com a saúde; descuido com a higiene; ausência de proteção contra as inclemências do meio, como o frio e o calor; ausência de estímulo e de condições para garantir a frequência à escola. Violência de Abandono: é uma forma extrema de negligência”.

 

 

A secretaria municipal de Assistência Social e Segurança Alimentar, Eliane Jocelaine Pereira, avaliou, em mesa redonda realizada após a apresentação do boletim, que a evolução dos dados é um sinal do aprimoramento da própria gestão, ao lado da conscientização das equipes sobre a importância de notificar e a segurança garantida aos profissionais para realizar as notificações.

 

 

“Campinas não é uma privilegiada no quesito da violência. Isso está acontecendo no País inteiro”, destacou, afirmando que é preciso continuar investindo na capacitação para a prevenção e a proteção básica, nas reflexões sobre a situação e discussões sobre a violência em seus vários aspectos. “Nós temos que trabalhar muito para uma Cultura de Paz. A sociedade, a população, precisa se conscientizar sobre uma paz positiva, de ação, em que as pessoas se responsabilizem por isso”, declarou.

 

 

O boletim Sisnov nº 11 apresenta uma série de estatísticas e está acessível on-line no site da Prefeitura de Campinas, na página da Secretaria de Saúde, podendo ser acessado integralmente no endereço http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/biblioteca/boletins/sisnov/Boletim_SISNOV_n11_2017.pdf.

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