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Casa de Cultura Itajaí lê poesias que discutem o cotidiano do feminino
A Casa de Cultura Itajaí recebe nos dias 11 e 30 de março, sempre às 13h30, rodas de leitura do livro Mulheres de Hopper, da autora Kátia Marchese. O livro ganhou o Prêmio PROAC Poesia, do Governo do Estado de São Paulo.
O evento é aberto a todos os interessados, com entrada franca. O endereço da Casa de Cultura Itajaí é Rua Benjamin Moloise, nº 669, Conjunto Habitacional Parque Itajaí.
A autora também fará outras rodas de leitura nos dias 17 de março, às 15h30, na Biblioteca Pública Municipal Cora Coralina, na Rua Dom Gilberto Pereira Lopes, s/nº, Vila Padre Anchieta; e no dia 22 de março, às 14h, na Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink, ao lado da Prefeitura.
Sobre “Mulheres de Hopper”
A concepção do livro “Mulheres de Hopper” baseia-se em um processo de estudo e interesse pelas obras do pintor Edward Hopper. Foi realizado um recorte na produção artística do pintor em que retrata a intimidade do feminino em seus espaços de silêncio, sejam eles privados ou públicos. Mulheres que vivenciam o cotidiano da vida moderna em suas casas, quartos, locais de trabalho, transportes, cafés, hotéis, pensões. Foram selecionados 22 quadros que funcionam como janelas e portas sobre os quais a autora debruça seu olhar. Recolhe e escreve o que guardou dos jogos de luz e sombra, do que está dentro e fora, dos pensamentos assistidos, dos rituais e das vertigens.
A partir das escolhas dessas imagens foram criados os poemas e as ilustrações correspondentes. O conteúdo da obra está fundamentado e distribuído em dois eixos temáticos que se mesclam ao longo do livro: poemas de desconstrução e recolhimentos do aprendizado; e poemas de construção e afirmação da liberdade.
Segundo a autora, os quadros de Edward Hopper “nos mostram a solidão vivenciada e transformada e é nesse processo íntimo, alquímico e de decomposição do mito que os poemas do livro foram sendo concebidos, priorizando e revelando o processo desta vivência. Na inevitável solidão urbana, as mulheres não parecem necessariamente tristes, não são diferentes ou especiais, são comuns e, por isso mesmo, intensas e extraordinárias”.
“É neste contexto histórico frente ao mundo moderno com suas adversidades e, sobretudo neste contexto de barbárie contemporânea”, continua Kátia, “que situamos esta obra, objetivando o diálogo com as mulheres através da poesia e suas subjetividades interiorizadas, acreditamos ser possível a construção de novas sociabilidades e o fortalecimento da sororidade entre as mulheres”.
“As mulheres constroem há muitos anos sua luta por igualdade de direitos na sociedade”, enfatiza Kátia. “Acreditamos que o início do aprendizado desta afirmação do feminino começa a ser gestado, sentido e experienciado dentro dos espaços íntimos de força. Dentro da solidão e dos silêncios conhecemos a solitude e a consequente descoberta da própria voz e afirmação da independência, um eterno exercício de dentro para fora que almeja romper as estruturas rígidas do patriarcado.”
Definindo sua obra, a autora diz que “os poemas do livro buscam trazer as mais diversas expressões de interiorização das mulheres, entretidas consigo mesmas e enfrentando os dilemas das relações amorosas e sociais. Experienciam perdas, injustiças e solidão e, neste embate, recolhem novos aprendizados para ressignificar seus desejos, realizações e liberdades. Dentro de seus espaços íntimos as mulheres sobrevivem, resistem e enfrentam a cultura machista, misógina, disfarçada de ‘mito do amor romântico’, uma crença impregnada em seus corpos, falas e mentes.”
Sobre Katia Marchese
Santos, 1962. Formação na escola livre de preparação de Escritores do CLIPE/2019 – Casa das Rosas – Museu Haroldo de Campos de Poesia e Literatura SP. Contemplada no Edital do Governo do Estado de São Paulo PROAC Poesia de 2019, poeta integrante do Portal Fazia Poesia. Consta nas antologias, Senhoras Obscenas I e III (Benfazeja, 2017 e Patuá 2019), Tanto Mar sem Céu – Laboratório de Criação Poética (Lumme, 2017), Casa do Desejo – A literatura que desejamos (Patuá-FLIP 2018), Poesia em Tempos de Barbárie – org. Claudio Daniel (Lumme, 2019), Hiltinianas vol.1 (Patuá, 2019) 80 balas, 80 poemas – org. Claudio Daniel (Zunai versão digital) e Demônio Negro (no prelo), 2020), Coleção “Cartas em torno da Sobrevivência da A Poesia Sobrevive” (Literatura – Sesc Campinas 2020). Revistas Literárias: Germina, Musa Rara, Portal Vermelho, Revista Vício Velho, Zunái, Ruído Manifesto, Jornal Tornado – Portugal, Jornal o Rascunho de Literatura, Revista Gueto de Literatura e Arte e Revista Mirada da Janela – Cultura e Arte. Publicações: Plaquete “Por favor, diga meu nome” (produção gráfica Uva Costriuba) 2019; Livro Mulheres de Hopper, editora Patuá 2020, lançado em março de 2021. Mora em Campinas.