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Cidade recebe prêmio estadual por trabalho de diagnóstico de tuberculose
Campinas conquistou uma premiação do Programa Estadual de Controle da Tuberculose de São Paulo pelo trabalho do Laboratório Municipal de Campinas no diagnóstico da tuberculose através do Teste Molecular Rápido (TMR). O serviço ampliou em cerca de 8% o número de exames de tuberculose realizados de 2017 (5.517 testes) para 2018 (5.926 testes). O prêmio foi entregue ao município durante o Fórum Estadual da Tuberculose, realizado na segunda-feira, dia 23 de setembro, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo.
No total, foram 17 premiações de categorias diferentes e entre elas algumas entregues a laboratórios de todo o Estado de São Paulo. O evento foi promovido pela Divisão de Tuberculose do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE/CCD/SES-SP), que fez um panorama da situação atual da tuberculose no Brasil e no Estado de São Paulo, abordando os desafios para o controle da doença e perspectivas científicas.
Campinas foi representada no evento pela coordenadora do Laboratório Municipal de Campinas, Cláudia Zimaro Carnieri Caiola, pela coordenadora do Setor de Microbiologia, Rita Calori, e equipe de profissionais do departamento de Vigilância em Saúde de Campinas.
Esta é a segunda vez que Campinas recebe premiação referente aos exames de tuberculose, um reconhecimento do trabalho realizado pelo Laboratório para o município. “Este é um serviço muito importante para o município, fornece apoio laboratorial para o diagnóstico das doenças e agravos, assim como no monitoramento das evoluções e tratamentos dos pacientes, de forma muito próxima à rede”, afirmou Cláudia.
A coordenadora associa a ampliação dos resultados ao trabalho realizado pela rede municipal na busca ativa dos pacientes. Afirma, ainda, que a ação tem grande importância para o público que apresenta maior vulnerabilidade, como a população encarcerada e em situação de rua.
A coordenadora também contou que o laboratório promoveu recentemente uma capacitação em todos os distritos de saúde para melhorar a condição das amostras de escarro, visando aumentar o aproveitamento do teste de TMR. “Para que o exame possa ser realizado, é preciso ter uma amostra de, no mínimo, 5 ml, que é colhida pelo próprio paciente, com a orientação do Centro de Saúde”, explicou.
Busca ativa
Anualmente, são realizadas duas campanhas de busca ativa de sintomáticos respiratórios, uma no primeiro e outra no segundo semestre. A mais recente, iniciada em 9 de setembro, segue até o dia 4 de outubro. Segundo a médica infectologista Valéria Correia de Almeida, do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), a campanha estimula os profissionais de saúde a questionarem os usuários das unidades sobre sintomas respiratórios, em especial tosse há mais de duas semanas, recomendando a coleta de escarro, para pesquisa de tuberculose, nesses casos.
Valéria ressalta que mesmo fora da campanha, as pessoas que estão com o sintoma de tosse devem procurar o Centro de Saúde de referência e fazer o exame, já que esta doença é causada por uma bactéria e pode ser transmissível de uma pessoa para outra. “A tuberculose também pode causar perda de peso e febre, mas cada pessoa pode responder de uma maneira. No caso da tuberculose pulmonar, o principal sintoma é a tosse e a doença pode levar a uma lesão no pulmão e, em casos mais graves, dificuldades para respirar. Por isso, é importante a detecção precoce da doença, já que é possível tratar e curar.”
O exame de TMR tem alta sensibilidade e é feito por poucos laboratórios, não sendo todos os municípios que o realizam.
Até dia 18 de setembro deste ano, foram registrados 204 casos novos de tuberculose, em Campinas, entre formas pulmonares (164) e extrapulmonares. Destes casos, três foram a óbito. No ano passado, foram registrados 331 novos casos da doença, com 14 óbitos. A média tem se mantido constante nos últimos anos, tendo sido registrados 330 casos novos em 2017, com 19 óbitos, e 311 em 2016, com 13 óbitos.
Vale ressaltar que o percentual de cura de casos novos de tuberculose pulmonar, que representa uma grande parte desses números, tem girado em torno de 70 a 80%, abaixo da meta recomendada de 85%, por isso, a importância da busca ativa e do diagnóstico precoce.
Sobre o exame
O fluxo dos exames funciona da seguinte forma: a amostra de escarro chega ao laboratório e é previamente preparada para ser colocada no cartucho do equipamento. O resultado é apresentado em duas horas e mostra não somente se o paciente tem a bactéria Mycobacterium tuberculosis como também se é sensível ou resistente à medicação rifampicina.
Cláudia contou ainda que o software do equipamento está sendo atualizado e receberá um novo cartucho, chamado de ‘ultra’, que vai acelerar ainda a obtenção do resultado, fornecido após de 1h a 1h30. “Todos os dados são inseridos no sistema do Estado, que recebem as informações simultâneas ao município”, afirma.
Os exames são feitos em uma sala específica e separada para isso, com todos os cuidados de segurança do ambiente e do profissional, dentro do setor de Microbiologia do Laboratório. Além deste exame, que detecta a doença, o Laboratório Municipal também realiza outros testes que permitem fazer a contagem dos bacilos (baciloscopia), auxiliando a Unidade de Saúde ao informar a condição bacilífera do paciente.