Nossa Cidade
Cineclube do MIS Campinas divulga a programação de filmes do início do mês
O Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas divulga a programação do início de outubro do Cineclube. A primeira sessão é neste sábado, dia 1 de outubro, às 15h30, com a exibição do filme “Acossado”, de Jean-Luc Godard, cineasta, roteirista e crítico de cinema franco-suíço que morreu no último dia 13 de setembro, aos 91 anos.
O MIS Campinas fica no Palácio dos Azulejos, na Rua Regente Feijó, nº 859 , no centro da cidade, próximo à Catedral Metropolitana.
A programação de 1 a 9 de outubro pode ser conferida abaixo, com as sinopses dos filmes a serem apresentados. As próximas exibições serão divulgadas a cada semana.
Semana 1 – de 1 a 9 de outubro de 2022
Sábado, 1/10 – ACOSSADO (1960) – 15h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, PB, 90 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
“Acossado” foi o primeiro longa dirigido por Godard, funcionando também como uma introdução da proposta estética da Nouvelle Vague ao lado de “Os Incompreendidos”, de François Truffaut. Sua história é bastante simples. Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) é um pequeno bandido que mata um policial após um assalto. Perseguido por assassinato ele decide deixar a França, mas antes precisa convencer uma garota americana (Jean Seberg) por quem está apaixonado a fugir com ele. Embora o filme pareça deliberadamente desconsiderar as normas do cinema comercial de estúdio, ele consistentemente se refere e brinca com aspectos do cinema americano.
Sábado, 1/10 – UMA MULHER É UMA MULHER (1961) – 17h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, Colorido, 83 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
Angela (Anna Karina) trabalha como stripper em uma boate decadente em Paris. Emile (Jean-Claude Brialy) é livreiro e ciclista nas horas vagas. Eles se conhecem, se apaixonam e decidem morar juntos. A união deles, um pouco original, não é menos sólida, até a noite em que a jovem anuncia seu desejo de ter um filho. O roteiro do filme é uma forma de telenovela, corrigido e transformado em crítica ao formato.
Sábado, 1/10 – VIAGEM A CITERA (1984) – 19h30
Direção de Theo Angelopoulos
Curadoria de Hamilton Rosa Jr.
Pérolas Perdidas
Um diretor de cinema está procurando um veterano ator para o elenco de seu filme. De repente, um velho revolucionário, que é o pai do diretor, volta para casa para recuperar seu lugar. Será que são duas histórias paralelas, uma real e outra ideal? Ou: estamos vendo um filme dentro do filme?
Quarta-feira, 5/10 – TROMPERIE /DECEPÇÃO (2021) – 15h – 16 anos
Direção de Arnaud Desplechin
França, Colorido, 105 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira
Sessão da Tarde Especial Cinema Francês
Adaptação de um romance de Philip Roth, o filme é composto de uma sucessão de diálogos entre Philip (Denis Podalydès), um escritor americano exilado em Londres, e várias mulheres: sua amante, sua esposa e outras personagens femininas menos reais, ás vezes até oníricas.
Quarta-feira, 5/10 – Nosso Pai – Abouna (2002) – 19h30
Direção de Mahamat-Saleh Haroun
Chade/França, colorido, 82 min., legendado
Curadoria: Adriano
Diversidade Cultural, Outras Linguagens, Outros Olhares.
A vida de dois irmãos de N’djamena, no Chade, muda drasticamente quando eles acordam numa manhã de sábado e descobrem que o pai deixou a família.
Sexta-feira, 7/10 – EU SOU CURIOSA – AMARELO (1967) – 15h
Direção de Vilgot Sjöman
Sueco, PB, legendado, 121 min.
Curadoria de Claudia Bortolato
Estudos sobre a História do cinema – Ciclo anos 1960: O colapso do cinema romântico e o advento do Modernismo
Contada em um estilo quase documental, o filme que acompanha Eu Sou Curiosa – Azul (1968) trata de temas como sociedade de classes, resistência não violenta, sexo, relacionamentos e turismo na Espanha franquista.
Sexta-feira, 07/10 – TRAINSPOTTING (1996) – 19h30 – 18 anos
Direção de Danny Boyle
Reino Unido, Colorido, 94 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira
Ciclo “Cinema & Literatura”
Em Edimburgo, na Escócia, vive Renton (Ewan McGregor), um jovem usuário de heroína que leva uma vida despreocupada, dividindo-se entre seu romance com a estudante colegial Diane (Kelly MacDonald) e os encontros com seus quatro amigos viciados: Sick Boy (Johnny Lee Miller), um imoral desenhista de HQs fanático por Sean Connery; Tommy (Kevin McKidd), um atleta responsável; Spud (Ewen Bremmer), um bobalhão de bom coração e Begbie (Robert Carlyle), um violento sociopata. Baseado no romance homônimo de Irvine Welsh.
Sábado, 8/10 – VIVER A VIDA (1962) – 15h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, PB, 85 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Amoroso Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
Nana (Anna Karina) trabalha em uma loja de discos, mas sonha em se tornar uma atriz de cinema. Depois de se separar do namorado, ela se entrega à prostituição e se envolve com Raoul (Sady Rebbot), um cafetão, que lhe ensina os truques do ofício. Com o tempo ela decide deixar aquele trabalho, mas Raoul não está disposto a abrir mão de uma de suas mercadorias mais lucrativas. O quarto filme de Godard nasceu de um período de crise e incerteza em sua vida e carreira. Seu casamento com Anna Karina passou por uma enorme tensão em seu primeiro ano depois que ela sofreu um aborto espontâneo. Ao mesmo tempo, Godard começou a questionar e criticar seus próprios métodos de filmagem e o conteúdo de seu trabalho. Enquanto seus colegas da Nouvelle Vague estavam se movendo em direção ao cinema comercial mais mainstream, ele estava se movendo em direção a um trabalho mais político e intransigente. “Viver a Vida” era o avanço pelo qual ele vinha trabalhando.
Sábado, 8/10 – O DESPREZO (1963) – 17h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, colorido, 105 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
Adaptando livremente o romance homônimo de Alberto Moravia, Godard conta a história de Paul Javal (Michel Piccoli) que ganha o desprezo de sua esposa (Brigitte Bardot) quando submete seu talento como escritor aos objetivos comerciais de um produtor americano vivido por Jack Palance, ao aceitar o trabalho bem remunerado de empobrecer o roteiro de uma adaptação da Odisseia de Homero dirigida pelo venerado Fritz Lang (interpretando a si mesmo). Muito de “O Desprezo” é estruturado no contraste entre o clássico e o moderno, embora o que Godard quer dizer com “clássico” seja complexo e parcialmente heterodoxo. O “moderno” é mais fácil de especificar: é a vulgaridade e a ganância promovidas pelo dinheiro, e a psicologização neurótica de Paul sobre os motivos de Ulisses para deixar Penélope e demorar tanto para voltar à Ítaca.
Sábado, 8/10 – A GRANDE TESTEMUNHA (AO AZAR BALTHAZAR) (1966) – 19h30
Direção: Robert Bresson
França, PB, 95 min., legendado
Curadoria de Tanael e Danilo
O ciclo de vida do burro Balthazar, assim batizado em aspersão, é modelo típico da estética cinematográfica bressoniana. O animal ocupa posições e funções determinadas pelas circunstâncias históricas, pelo uso de que se servem os humanos. No entanto, os dilemas do tempo inscrevem-se no corpo de Bathazar, esculpindo uma memória.
Domingo 9/10 – CIDADÃO KANE (1941) – 16H – LIVRE
Direção de Orson Welles
EUA, PB, 119 min., legendado
Curadoria de Claudia Bortolato
Sessão de Domingo
Cidadão Kane é o primeiro filme de Orson Welles (1915-1985), que embora não tão bem recebido em seu lançamento, hoje consta das listas de muitos críticos e cinéfilos como o melhor filme de todos os tempos. Há quem não goste de listas dos melhores filmes, mas não se pode negar a engenhosidade e criatividade de Welles, como a inovação na estrutura narrativa, que no filme não se concentra na ação, mas sim no estudo de um personagem, e ao lado de seu diretor de fotografia Gregg Toland (1904-1948), Welles inovou na técnica ao trazer à luz e aperfeiçoar a técnica cinematográfica de profundidade de campo, mantendo o foco simultâneo de todos os elementos em cena, estejam eles no primeiro plano, centro ou segundo plano. Um marco na história do cinema. Muito do insucesso em seu tempo se deve à propaganda negativa lançada sobre o filme, e sobre o próprio Welles, pelo poderoso empresário estadunidense – William Randolph Hearst (1863-1951) – principal inspiração para a criação do protagonista (Charles Foster Kane). Mankiewicz (1909-1993), o roteirista que foi recentemente filmado biografado em Mank – 2020, criou diálogos diretamente das anotações de Hearst. Xanadu, a residência de Kane, foi inspirada no Hearst Castle. Rosebud, a última palavra falada por Kane em seu leito de morte, é o fio condutor de uma pesquisa jornalística e uma história contada a partir de depoimentos dos que com Kane conviveram.