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Criador de dispositivo para acionar semáforo sonoro é exemplo de empreendedorismo na Emdec
Nesta quinta-feira, dia 5 de outubro, é celebrado o Dia do Empreendedor. O termo costuma ser associado a quem trabalha com um negócio próprio, mas também é possível empreender como funcionário de uma empresa. Este é o conceito do “empreendedorismo interno”, ou “intraempreendedorismo”, capaz de trazer inovação às empresas, com ideias transformadoras de colaboradores. É assim que mentes inquietas e criativas fazem a diferença, como a de Paulo Eduardo Conde, coordenador de área no Departamento de Implantação e Manutenção de Sinalização Semafórica da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
Há 28 anos na empresa, foi ele quem teve a ideia de um sistema para acionamento semáforos sonoros voltados a pessoas com deficiência visual pioneiro no Brasil. Com baixo custo de implantação, a tecnologia já foi inaugurada em 23 cruzamentos em Campinas, contribuindo para uma mobilidade com mais autonomia e qualidade de vida para as pessoas com deficiência visual.
A boa ideia extrapolou os limites municipais, sendo também adotada pela Prefeitura de São Carlos. Em junho, uma comitiva do município esteve em Campinas para conhecer o dispositivo. Em 10 de agosto, a tecnologia foi inaugurada na cidade do interior paulista, no cruzamento da rua General Osório, no “Calçadão da General”, com a rua Episcopal.
Menos vandalismo e mais acesso
Paulo conta que o sistema que era usado anteriormente, disponível no mercado, era acionado por botoeira e tinha um som muito alto. “Muitas pessoas apertavam o botão, mesmo sem deficiência visual. Tinha muito caso de vandalismo. E o barulho incomodava quem morava na região”, lembra. Diante desta questão, Paulo tentou buscar uma solução para melhorar o atendimento a quem realmente precisava do semáforo sonoro.
De início, surgiu a ideia de desenvolver sistema que usasse o celular. Mas para garantir mais acessibilidade e segurança aos usuários, a opção foi descartada. Depois, amadureceu o projeto para o uso da tecnologia bluetooth, que foi adotada no dispositivo (uma tag, espécie de chaveiro) que a pessoa leva consigo, descartando a necessidade de uso de botoeira e facilitando o acesso ao semáforo sonoro. “Com isso, reduzimos a taxa de acionamentos aleatórios drasticamente. O som não perturba quem mora na região, e o sistema ficou mais ‘escondido’, diminuindo casos de vandalismo”, explica.
No empreendedorismo interno, não basta haver a iniciativa do funcionário, é preciso que a empresa permita que as ideias floresçam. “Não somos inventores da profissão, mas podemos nos capacitar para conseguir desenvolver uma nova ideia. Neste caso, a minha equipe abraçou a ideia e ajudou na implantação”, destaca, explicando que a implantação em cada cruzamento é pensada de forma única pelo grupo, considerando as especificidades de cada local. Paulo conta que este suporte é fundamental para a manutenção do equipamento, realizado com vistoria mensal ou sempre que um usuário indica a necessidade.
Como funciona o semáforo sonoro
O semáforo funciona com a detecção da presença do usuário portador da tag, que tem sinal bluetooth. Ao identificar a aproximação, um sinal sonoro é emitido, indicando quando a travessia pode ser realizada. A estrutura do sistema também inibe o vandalismo, já que o dispositivo é instalado em caixas na parte superior das colunas semafóricas.
Em Campinas, os usuários realizam cadastro prévio com o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, que intermedia a distribuição das tags junto à Emdec. Participam do projeto pessoas com 100% de perda visual, que usam o transporte público coletivo com regularidade e circulam pelas regiões contempladas.
Tecnologia começou a ser implantada em 2021
A ideia começou a ser desenvolvida em 2017. Em 2021, os semáforos sonoros pensados por Paulo começaram a ganhar as ruas de Campinas. Eles foram instalados inicialmente em dez cruzamentos da avenida Francisco Glicério – desde o cruzamento com a Barreto Leme até o com a rua Cônego Cipião. Além deles, a tecnologia está disponível nas esquinas com as vias Benjamin Constant, Bernardino de Campos, General Osório, Dr. Campos Sales, Treze de Maio, Conceição, Ferreira Penteado e Dr. Moraes Salles.
Os cruzamentos da avenida Anchieta com as vias Benjamin Constant e Barreto Leme também contam com o dispositivo. Os locais foram escolhidos a partir do resultado de pesquisa de satisfação realizada com os primeiros usuários. Situados no entorno do Paço Municipal, os semáforos tornam o acesso à Prefeitura mais seguro para os seus usuários.
Em outros três locais, os semáforos sonoros com detecção de presença foram instalados próximos às instituições parceiras do projeto, como o Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT) e o Centro Cultural Louis Braille e o Instituto CPFL.