Nossa Cidade
Dengue: reunião entre Saúde e hospitais alerta sobre projeção de casos até maio
Uma reunião entre integrantes da Secretaria de Saúde de Campinas e representantes dos hospitais das redes pública e particular da cidade reforçou as diretrizes de assistência à população nesta sexta-feira, 1 de março, diante do contexto de epidemia da dengue. A cidade registrou 11.188 casos confirmados e uma morte desde 1 de janeiro.
O prefeito Dário Saadi ao considerar projeções da Pasta que indicam a possibilidade da cidade alcançar 100 mil casos até maio, fez novo apelo para que a população intensifique as ações para eliminar espaços com água que sirvam de criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e colabore com as ações feitas pela Prefeitura, entre elas, visitas a imóveis diariamente para orientar moradores, nebulizações, além de mutirões quinzenais.
“Nas próximas semanas isso pode impactar os atendimentos não só do setor público, mas também do privado. Como que a gente enverga essa curva de aumento de casos? A Prefeitura está trabalhando, mas pedindo a colaboração da população”, falou Dário.
A melhor forma de combater o mosquito é reservar um tempo semanal para verificar se não há água acumulada em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas, por exemplo. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados os vasos sanitários inutilizados.
Diariamente, a Administração conta com quase 1 mil pessoas nas ruas em ações diárias para prevenção e combate à dengue de diversas formas. Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.
“O grande objetivo da projeção é preparar a rede de saúde e alertar a população. É uma doença incapacitante, dolorida e a gente não quer chegar a um número tão alarmante”, falou a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben. A pior epidemia da história do município ocorreu em 2015 e, à época, foram registrados 65.754 casos e 22 óbitos pela doença.
O presidente da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, Sérgio Bisogni, comentou sobre o aumento da procura de moradores com dengue pelos pronto-socorros dos hospitais e unidades de pronto atendimento (UPA). Ele enfatizou, porém, o cuidado para que a população também se preocupe com o contexto do aumento de casos e internações por covid-19 e, por isso, tenha atenção com o esquema vacinal completo.
“Estamos nos preparando com insumos básicos, como soro fisiológico, estocado em quantidade alta, e testes rápidos da covid-19 para a gente fazer o diagnóstico diferencial”, falou. A Rede Mário Gatti abriu dois processos para a compra de 75 mil testes rápidos e, deste total, 25 mil serão adquiridos de forma emergencial, e 50 mil por pregão eletrônico.
A Secretaria de Saúde de Campinas tem observado aumento de atendimentos a pacientes que apresentam sintomas respiratórios, assim como número de casos confirmados de covid-19 e consequentemente internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Diante deste contexto, a Pasta reforça a importância da vacinação contra a doença.
Preocupação
Na primeira semana de fevereiro, a Saúde recebeu a confirmação dos primeiros casos de dengue na cidade causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam desde 2021 e 2009, respectivamente. As amostras de sangue dos pacientes foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz e antes disso a metrópole só havia registrado sorotipo 1
A circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue ocorre pela primeira vez em Campinas. Os grupos mais vulneráveis para os sorotipos 3 e 4 são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença e com estes sorotipos. Há risco maior de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior.
Por enquanto, não houve identificação do sorotipo 4 do vírus da dengue em Campinas. Ele não é registrado na cidade desde 2014, mas já causou infecções em outros municípios.
Orientações sobre assistência
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação.
Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
O que já foi feito e mais mutirões
A Secretaria de Saúde de Campinas informa que desde dezembro de 2023 já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios brasileiros diante do contexto do aumento de casos da doença.
Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 24,5 mil imóveis em cinco mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos para orientar a população e eliminar criadouros do mosquito transmissor da doença.
O plano inclui uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgar informações. Os mutirões começaram em 6 de janeiro, nas regiões com mais casos suspeitos e confirmados, e a programação com esta frequência está mantida pelo menos até o início de abril. As próximas datas são:
– 9 e 23 de março
– 6 de abril
Os locais serão definidos mais próximos de cada agenda, conforme situação epidemiológica verificada pela Saúde. Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.
Comitê de prevenção
Desde 2015 a Prefeitura conta com um comitê de prevenção e controle de arboviroses, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.
No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde. Mais informações estão no site: https://dengue.campinas.sp.gov.br.