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Em evento da FNP, prefeito compartilha sucesso de monitoramento da Covid
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, compartilhou com prefeitos das cidades que integram a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e o Consórcio Conectar, na manhã desta sexta-feira, 21 de maio, indicadores de monitoramento precoce da pandemia pelo coronavírus, adotados por Campinas para tomada de decisões, e que permitiram que a cidade tivesse, em abril, uma redução 13,1% nas mortes por Covid-19 na comparação com março, enquanto na média do Estado houve um aumento de 42% nos óbitos no período. “Esses indicadores nos permitiram adotar medidas, algumas vezes mais restritivas das preconizadas no Plano São Paulo de flexibilização da economia, o que evitou o colapso no sistema hospitalar. Foram medidas difíceis, como a requisição de hospital particular, toque de recolher, mas que foram fundamentais para evitar a sobrecarga hospitalar”, afirmou, em reunião virtual com os prefeitos.
Dário, que também é vice-presidente de Saúde da FNP, disse esperar que a experiência de Campinas possa ajudar as cidades brasileiras a enfrentar a ameaça de uma terceira onda da pandemia no País e que o monitoramento, baseado nos indicadores, possa orientar medidas antes mesmo de chegar a grande número de internações e mortes.
Os indicadores, disse a diretora do Departamento de Vigilância e Saúde, Andrea Von Zuben, permitem avaliar mudanças no padrão epidemiológico da pandemia de Covid-19. Eles são baseados em três eixos.
O eixo de morbidade monitora a variação do número de casos de síndromes gripais e variação do número de sintomáticos respiratórios que chegam às unidades de saúde. Um aumento sustentado por duas semanas superior a 100% indica que em quatro ou cinco semanas começará a ter sobrecarga hospitalar.
O eixo laboratorial monitora a variação no número de testes RT-PCR para Covid-19 coletados e taxa de positividade de testes RT-PCR positivos para Covid. “Se começa a aumentar o número de positivos semana a semana, é sinal que a circulação viral aumentou e em entre duas a quatro semanas teremos uma onda hospitalar importante”, explicou a diretora da Devisa.
Outro eixo é o hospitalar com o monitoramento da proporção de casos moderados e graves que demandam leito hospitalar em relação ao total de síndromes respiratórias notificadas. “Quando estamos atendendo casos moderados e graves, há avaliação da porcentagem que está precisando de leitos. Na maioria das vezes não precisará de leito, mas de oxigênio na própria unidade básica. Mas quando o paciente é removido, e essa proporção é superior a 5% por duas semanas consecutivas, temos um indicador precoce que mostra que lá na frente teremos problemas”, informou.
Segundo o secretário de Saúde, Lair Zambon, os indicadores nasceram do conhecimento da evolução da pandemia em 2020 e que podem ajudar na tomada de decisões precoces para o enfrentamento. A vantagem desses indicadores, afirmou, é que podem ser testados, de forma retroativa, para verificar se podem ou não ser adotados em determinadas cidades. “Nasceu de muita discussão e estresse que passamos na segunda onda e nos ajudaram a adotar medidas restritivas antes mesmo que o Estado, que na época foram muito criticadas. Essas medidas nos levaram a ter menos mortes em abril”, disse.
De acordo com Andrea Von Zuben, muito se aprendeu com a primeira onda pandêmica, e hoje se sabe que a Covid-19 é uma doença cíclica, com ondas que começam com forte aceleração de casos e mortes, apresenta tendência de manutenção por um período de semanas, atinge o pico, depois desacelera e tem intervalos não sazonais. “A grande diferença entre a Covid e outras doenças respiratórias é que ela não obedece intervalos sazonais, como a influenza”, comparou.
Andrea lembra que se houver uma grande onda, pessoas ficarão sem atendimento, porque a capacidade do sistema de saúde não aguenta e entra em colapso. Em geral, as cidades começam a adotar medidas quando ocorre o aumento de atendimento hospitalar. “A utilização de indicadores com número de hospitalizações e aumento de casos graves são tardios para a adoção de medidas restritivas, porque para que políticas restritivas sejam detectáveis nos dados hospitalares leva de quatro a seis semanas”, afirmou.
Para assistir a apresentação “A Experiência de Campinas com indicadores de avaliação e monitoramento na pandemia” no YouTube clique aqui https://www.youtube.com/watch?v=nNbSSVAa4Vk