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Esporotricose: entenda a doença em 10 perguntas e respostas
A Secretaria de Saúde de Campinas preparou um material com dez perguntas e respostas para as dúvidas mais comuns sobre a esporotricose humana. Ele reúne questões sobre transmissão, tratamento e o cenário da cidade diante da alta de registros, com análise pela coordenadora da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), Marcela do Prado Coelho.
A esporotricose é uma micose subcutânea que surge quando o fungo do gênero Sporothrix entra no organismo. Ele costuma estar presente na natureza: solo, espinhos de arbustos, árvores e vegetação em decomposição. Veja abaixo estatísticas sobre a doença.
O acesso ao corpo humano pode ocorrer por meio de uma ferida, incidente como eventual contato com espinhos de plantas, ou quando há arranhadura/mordida ou contato de uma lesão do corpo com um gato ou cachorro que esteja com o fungo.
Casos graves da doença podem ocorrer caso haja disseminação para outros locais do organismo. Trata-se de uma doença em que felinos são considerados "protagonistas", informou o Ministério da Saúde, mas que também pode ocorrer em cães.
1 – Os casos de esporotricose felina e humana aumentaram em Campinas e outras cidades brasileiras?
“Verdadeiro. Tivemos um maior número de notificações da doença.”
2 – A situação da esporotricose está descontrolada em Campinas?
“Falso. As áreas onde os animais foram diagnosticados estão sendo monitoradas. A população e os profissionais estão mais atentos aos sinais da doença através das ações realizadas, e consequentemente diagnosticando mais.”
Clique e veja por que os registros aumentaram em Campinas. O cenário é parecido com o de cidades em diferentes regiões do país e o Ministério da Saúde diz que dados sobre dispensa de medicamentos para tratamentos de pessoas sugerem alta de registros, uma vez que a enfermidade não exige notificação compulsória.
3 – A esporotricose felina é difícil de ser identificada?
“Falso. De modo geral, as lesões nos felinos são bastante características e a presença do fungo na lesão pode ser detectada facilmente por exames laboratoriais.”
4 – Gato contaminado precisa ser isolado?
“Verdadeiro. O isolamento do animal é fundamental para que ele não transmita para outros animais e outras pessoas.”
5 – Gato ou cachorro contaminado precisa ser sacrificado?
“Falso. Esporotricose tem tratamento. E quanto mais cedo começar, maiores as chances de cura do animal.”
6 – Os cachorros e gatos são “culpados” pelo surgimento da esporotricose?
“Falso. Eles também são vítimas da doença, sendo contaminados pelo ambiente, por exemplo.”
7 – Para tratar esporotricose humana basta procurar apoio de um CS em Campinas?
“Verdadeiro. Ao notar sinais como inchaço avermelhado no local ou próximo do arranhão ou mordida do gato, ferida de difícil cicatrização, às vezes acompanhada de outras lesões enfileiradas e ínguas (aumento de gânglios), procure o centro de saúde mais próximo.”
8 – Os sintomas da esporotricose podem ser confundidos com outra micose e o ideal é procurar um médico?
“Verdadeiro. Os sinais clínicos da esporotricose são parecidos com de outras doenças de pele. Por isso, o correto é procurar um médico para ele realizar os exames corretos.”
9 – Um gato que já pegou esporotricose pode se contaminar novamente?
“Verdadeiro. Por isso, a importância do gato não ter acesso à rua mesmo após ter tido alta do tratamento pelo veterinário.”
10 – Gato ou cachorro com esporotricose só transmite a doença caso morda ou arranhe um humano saudável?
“Falso. O ser humano pode se contaminar através do contato direto com a ferida ou secreções do animal.”
Casos em gatos em Campinas – 2019 a 2023
• 2023 (janeiro a outubro) – 58
• 2022 – 6
• 2021 e 2020 – sem registro
• 2019 – 1
Mortes de gatos por esporotricose em Campinas
• 2023 (janeiro e outubro) – 10
• 2022 – 4
• 2021 e 2020 – sem registro
• 2019 – 1
Casos em cães em Campinas
• 2019 a 2023 – sem registro
Casos em humanos em Campinas (transmissões por gatos com o fungo)
• 2023 – 6
• 2022 – 2
• 2019 a 2021 – sem registro
• A UVZ não dispõe de dados onde a esporotricose ocorre de outras formas
Mortes de humanos por esporotricose em Campinas
• 2019 a 2023 – sem registro
Quais são os sintomas?
Pessoas: inchaço avermelhado no local, ou próximo, do arranhão ou mordida do gato. Pode formar uma ferida de difícil cicatrização, às vezes acompanhada de
outras lesões enfileiradas e ínguas (aumento de gânglios).
Gatos: feridas de pele que não cicatrizam, principalmente na cabeça e patas, e podem progredir para o resto do corpo. Também podem aparecer aumento de volume na região do nariz e sintomas respiratórios.
Conscientização sobre animais
A Secretaria de Saúde faz um apelo para que não sejam cometidos maus-tratos contra animais. "A culpa da esporotricose não é do cachorro ou do gato. Por isso, fazemos um alerta para que não ocorram maus-tratos contra ou abandono dos animais. Em caso de dúvida, procure apoio de um veterinário pelo serviço público ou particular”, explicou a coordenadora da UVZ.
Crimes contra animais podem ser denunciados à Guarda, pelo 153, para a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (Depa), por meio de site, e para a Polícia Civil de Campinas.
O que fazer ao notar sinais de esporotricose em animais de estimação?
A orientação é para o morador procurar por atendimento veterinário público ou particular.
O que fazer ao notar sinais de esporotricose em humanos?
A UVZ destaca que o atendimento está disponível nos 67 centros de saúde de Campinas.
Ações realizadas
Neste ano, a UVZ e as vigilâncias em saúde (Visas) já realizaram uma série de ações associadas à esporotricose. Além disso, outras estão em discussão e planejamento para serem implementadas na cidade.
• Capacitação sobre esporotricose para profissionais no CS Santos Dumont
• Casa-a-casa na área do CS Santos Dumont
• Capacitação sobre esporotricose no CS Costa e Silva
• Casa-a-casa na área do CS Costa e Silva
• Capacitação sobre esporotricose no CS San Diego
• Ação educativa na área do Abaeté 2
Cenário no Brasil
O Ministério da Saúde informou que nove estados já incluíram a esporotricose humana em suas listas estaduais de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Paraíba, Rio de Janeiro e Rondônia.