Nossa Cidade
Estudo da Johns Hopkins alerta para excesso de velocidade e segurança de crianças
Em Campinas, “as mortes de motociclistas não são por falta de uso do capacete. São por excesso de velocidade”, defende o pesquisador associado Andres Vecino, do Departamento de Saúde Internacional da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. A afirmação é um dos resultados constatados a partir de coleta de dados nas vias da cidade, em observação a fatores de risco elencados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), realizada desde 2022 pela Johns Hopkins International Injury Research Unit, por meio da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS).
O material foi elaborado pela Emdec, Secretaria de Transportes, Prefeitura Municipal, Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, Vital Strategies, Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
“Esta é uma ferramenta importante, que complementa o tratamento de dados e evidências para o trabalho de todas as áreas”, explicou a gerente da Divisão de Educação para Mobilidade Urbana da Emdec, Roberta Mantovani, que ressaltou a importância de considerar o relatório para tomadas de decisão e a construção do Plano de Segurança Viária do município.
Coordenadora de dados da BIGRS, Mariana Novaski explicou que o estudo, ainda em andamento, também conta com a participação de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O relatório apresentado é referente a dados coletados entre outubro de 2022 e maio de 2023, e tem como destaques informações sobre excesso de velocidade e o uso de capacete, cinto de segurança e dispositivos de segurança para crianças.
Sobre os motociclistas e garupas – que foram as principais vítimas fatais em sinistros (acidentes) nas vias de Campinas, em 2022 -, o pesquisador Andres Vecino destacou que o uso correto de capacete tem bom índice: 94%. No entanto, no recorte de maio de 2023, o excesso de velocidade foi mais observado entre motociclistas (43%). Considerando todos os veículos que excederam a velocidade, o índice é de 21%.
Cadeirinha
Outro alerta feito pelo pesquisador a partir da leitura dos dados foi sobre o uso de cinto de segurança entre passageiros no banco traseiro e de dispositivo de segurança para crianças de 5 a 11 anos de idade, ambos com índices muito baixos.
“Os pais compram as cadeirinhas, mas quando já não precisam delas, não restringem as crianças (com outros dispositivos e cinto)”, aponta Andres. Segundo o relatório, apenas 13% das crianças com idades entre 5 e 11 anos utilizavam dispositivos de retenção. O dado contrasta com o percentual de 59% de uso de equipamento adequado para crianças com menos de 5 anos, apontado pelo pesquisador como um bom índice, se comparado a outras cidades onde a pesquisa também é realizada.
Já entre os passageiros adultos no banco traseiro, apenas 33% usavam cinto de segurança. Quando a observação considera o banco dianteiro, o cenário é outro: 90% dos condutores e 88% dos passageiros adultos utilizam o cinto de segurança.
Um destaque positivo do estudo foi a observação da queda do índice de excesso de velocidade em vias arteriais, como a avenida John Boyd Dunlop, em comparação realizada entre novembro de 2022 e maio de 2023. No primeiro recorte, o comportamento foi observado em 21% dos veículos. Já na segunda leitura, o percentual ficou em 8%. Durante o evento, os gestores levantaram hipóteses para o resultado, como o reposicionamento de radares, e a intensificação de ações de educação e fiscalização.
Nesta quarta-feira, dia 27 de setembro, uma equipe com colaboradores de diversas áreas da Emdec será capacitada para dar continuidade ao estudo, quando a parceria for encerrada. A metodologia será compartilhada durante formação que será realizada na sede da Emdec.