Nossa Cidade
Intervenções para transformação da mobilidade urbana são debatidas em seminário
Cerca de 90 membros do corpo técnico de secretarias, autarquias, universidades e conselhos municipais se reuniram na manhã desta quinta-feira, dia 25 de maio, em torno de uma única pauta: debater a transformação da mobilidade urbana de Campinas, com vias mais seguras, inclusivas e democráticas. Este foi o tom do I Seminário Revivacidade Campinas, realizado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Secretaria Municipal de Transportes e Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS), com o apoio da WRI Brasil e da Universidade Mackenzie Campinas, cujo auditório recebeu o encontro.
O evento abordou iniciativas adotadas para ruas mais seguras, como experiências nacionais e internacionais, além de intervenções locais, como os projetos “Viva Campos Sales” e “Revivacidade”, na Rua Delfino Cintra, ambos operacionalizados pela Emdec. O encontro fez parte da programação do Maio Amarelo, movimento intersetorial que alerta sobre os índices de mortos e feridos no trânsito, buscando a mobilização da sociedade para uma cultura de segurança viária.
O prefeito Dário Saadi integrou a mesa de abertura e ressaltou que a cidade foi historicamente voltada para os carros. Ele lembrou também a experiência de outras cidades, como Buenos Aires e Barcelona, na adoção de projetos que incentivam a mobilidade ativa. “A gente vê que este é o caminho no mundo, não tem volta. As cidades estão com uma visão de focar na pessoa, no pedestre, e de ter uma mobilidade o mais inclusiva possível”, ratificou.
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, destacou o trabalho conjunto entre a empresa e demais secretarias e parceiros, em projetos para a segurança viária, apontando como resultado deste esforço um dado divulgado pelo Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito em São Paulo (Infosiga-SP), nesta semana. O estudo indica que, em abril, Campinas teve o menor número de mortes no trânsito para o mês, em toda a série histórica, desde 2015. “Essa parceria é que vai fazer a gente mudar o futuro”, disse, também apontando projetos em andamento que envolvem diferentes equipes, como o Viva Campos Sales, que compõe esforços para a revitalização do Centro e visa oferecer mais segurança ao pedestre.
Também participaram da mesa de abertura a secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho; o vereador e presidente da Câmara de Campinas, Luiz Rossini; o vereador Carlinhos Camelô (José Carlos dos Santos); e a professora e coordenadora dos cursos de Engenharia Civil e de Produção da Mackenzie Campinas, Larissa Branco.
Estratégias de urbanismo tático e projetos foram apresentados
O diretor de planejamento e projetos da Emdec, Wilson Folgozi, apresentou projetos estratégicos para a construção da mobilidade segura em Campinas, destacando resultados obtidos com a experiência do Revivacidade na Rua Delfino Cintra. No local, em ação de urbanismo tático, foram implantadas 12 faixas de pedestres, 600 m² de passeio e 21 vagas para veículos. Também foram eliminados conflitos não semaforizados e foi adotada parada de ônibus em baia. Como resultado, foi registrada a redução de 40% na exposição do pedestre durante a travessia, e 12% de crescimento no respeito dos condutores às faixas de pedestres.
Também representando a Emdec, o coordenador do projeto de requalificação da Avenida Campos Sales, Marcelo Oliveira, apresentou a proposta da obra, já em andamento. O “Viva Campos Sales” visa melhorar a mobilidade, acessibilidade, segurança e conforto oferecido a quem transita na via, considerando aspectos de sustentabilidade e de incentivo à mobilidade ativa.
Os participantes do evento puderam conhecer e aprofundar conhecimentos sobre conceitos usados nos projetos, em apresentações da BIGRS e da WRI Brasil
A coordenadora de Mobilidade e Ruas Seguras para Segurança Viária Global da BIGRS, Rafaella Basile, explicou o que é a “visão zero”, que entende que nenhuma morte no trânsito é aceitável, e o que são “sistemas seguros”, apontando que é preciso considerar o erro humano no desenho das ruas, para evitar sinistros (acidentes).
Também foi possível conhecer o conceito de “ruas completas”, em apresentação conduzida por Reynaldo Neto, analista de mobilidade ativa da WRI Brasil. Ele explicou que o desenho das ruas pode salvar vidas, ao considerar uma readequação dos espaços com foco nas pessoas, com a orientação para comportamentos seguros.
Larissa Branco, da Mackenzie Campinas, também apresentou como a universidade, em parceria com o poder público e empresas privadas, pode contribuir para encontrar soluções práticas, inovadoras e sustentáveis.
Encerrando o evento, foi realizada mesa de debate com a participação da secretária Carolina Baracat; o coordenador setorial do Verde, Luiz Fernando Vogel, representando a Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; o diretor técnico de regularização fundiária da Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab), Jonatha Roberto Pereira; e o diretor da Emdec, Wilson Folgozi. Na ocasião, os participantes do evento puderam enviar perguntas para a mesa, mediada por Rafaella Basile.