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Nossa Cidade

Livro analisa construção da identidade de jovens em situação de rua em Campinas

O sociólogo e supervisor de ensino de Campinas Antonio Donizeti Leal, atualmente em atuação na Fundação para a Educação Comunitária (Fumec) e no Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp), lançará o livro “Trajetórias e Resistência: Análise da construção da identidade em jovens em situação de rua”, no sábado, dia 18 de novembro, durante o 1º Festival Literário de Campinas, o Flic@, realizado até o próximo domingo, dia 19, na Estação Cultura.

Donizete conta que a pesquisa de campo foi feita durante dois anos, inicialmente com os educadores sociais que atuavam na Praça da Sé, em São Paulo, para que conhecesse a metodologia aplicada no contato com os jovens. Em Campinas, o trabalho foi desenvolvido em conjunto com a Pastoral do Menor, acompanhando a atuação de quatro educadores sociais, em espaços diversos, como a rua (centro de Campinas) ou em condição de abrigamento.

A trajetória dos jovens em condição de rua, no município de Campinas, e como eles constroem suas identidades, segundo estratégias de sobrevivência e resistência mesmo invisibilizados e tratados como objeto é o fio condutor da publicação, mas o autor trabalha também questões conceituais como “o que é  ser jovem em condição de rua”. Apoiado em um repertório teórico denso e consistente, o autor verifica a adequabilidade dos conceitos teóricos em sua pesquisa de campo. “O tema necessita de reflexões urgentes, sobretudo em razão do agravamento das desigualdades sociais, reforçadas pela pandemia da covid-19”, acredita.

De acordo com Donizeti, o motivo principal por escolherem as ruas perpassa pelas questões socioeconômicas, mas também pela desorganização familiar, pelas práticas autoritárias e muitas vezes violentas vividas tanto nas ruas como nas instituições públicas, que causam reiteradamente a sua exclusão social.

De acordo com ele, as entrevistas e a observação ativa possibilitaram apreender como os jovens se apresentam e representam suas identidades em diferentes contextos. “Procurei assumir uma postura metodológica, dando voz a esses jovens, sempre com respeito e cuidado, e buscando lugares onde eles se sentissem seguros.”

O autor identifica dois movimentos importantes dos jovens em estudo, os processos da “circulação” e da “viração”. “Pela condição de marginalidade social, os jovens exercitam a ‘viração’, isto é, precisam esmolar, fazer bicos, furtar, se prostituir, vivendo vários personagens na forma de ‘identidades/máscaras’, como estratégias de sobrevivência”, explica. Outra questão relevante do trabalho é a passagem dos jovens pelas instituições, tanto acolhedoras como repressoras, onde também há um processo de “adequação” (“viração”) a cada espaço.

1º Festival Literário de Campinas – Flic@

Dias e horários: 18/11 (sábado) e 19/11 (domingo), das 9h às 21h

Local: Estação Cultura

Entrada gratuita

Programação completa do Flic@: https://portal.campinas.sp.gov.br/sites/flica

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