Cultura & Lazer
MACC inaugura três exposições de linguagens e temáticas distintas
O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc) inaugura a temporada com três exposições de formatos e temáticas distintas nesta quinta, 7, às 19h.
O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc) inaugura a temporada com três exposições de formatos e temáticas distintas nesta quinta, 7, às 19h. O público poderá conferir a mostra fotográfica “O que mudou e continua a mudar”, de Estefania Gavina; a vídeoinstalação “Viúvos – Vi Vedo”, de Giovana Mastromauro e Laura Cionci (as duas exposições foram contempladas pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – FICC), e um recorte do acervo do Macc em “Pequenos Formatos”.
Em “O que mudou e continua a mudar”, a artista visual argentina Estefania Gavina, radicada há 19 anos no Brasil, traz, por meio de uma série de fotografias, uma escuta da artista aos clamores de supervivência de objetos e fotografias “esquecidos”, de casas em processos de demolição em Campinas.
Para este trabalho, Estefania fotografou obras de demolição de residências antigas e ofereceu aos pedreiros a oportunidade de serem fotografados em meio às cenas.
Além de registrar o próprio processo de demolição, a artista se interessou também por fazer uma arqueologia no espaço como forma de acolher coisas que foram esquecidas ou abandonadas pelos antigos moradores das casas. “Com ela, estamos diante de um universo do fantástico nostálgico e supervivente, que dá asas a histórias não nascidas e a emoções e memórias esquecidas”, reflete a curadora da mostra, Fabiana Bruno.
Viúvos
A videoinstalação “Viúvos – Vi Vedo”, de Giovana Mastromauro e Laura Cionci, tem como foco a desconstrução de estereótipos relacionados ao universo masculino por meio de depoimentos sobre a perda. São histórias de homens viúvos que “desconstroem” os clichês da masculinidade .
A ideia do trabalho partiu de um fato familiar. Em 2013, quando perdeu a avó materna, a diretora e artista visual Giovana Mastromauro recebeu uma ligação de sua outra avó. Na conversa, ela falou da ausência do avô que não chegou a conhecer – e cuja história não era um assunto na família. Foi como quebrar um tabu.
“No telefonema, minha avó contou coisas sobre ele que eu nem imaginava. Fazia 35 anos que ele tinha morrido”, conta. Giovana tinha acabado de encerrar em Campinas uma exposição que abordava, por meio de uma instalação, doenças psicossomáticas desenvolvidas após o término de um relacionamento amoroso.
Decidiu, então, gravar o depoimento da avó. Logo em seguida, foi para a Itália e conheceu a artista Laura Cionci. Fizeram várias entrevistas e decidiram fechar o foco sobre as falas dos entrevistados homens.
“Vivendo em uma sociedade machista, o homem não tem o direito de se emocionar, de se entregar, de chorar. E, para revelar não só a verdade, mas a realidade do homem que está pleno de sentimentos, emoções e conflitos com ele mesmo, ‘Viúvos – Vi Vedo’ se propõe como exemplo de descoberta de sentimentos e histórias que a nossa sociedade esconde individualmente, por ignorância ou interesse”, diz Mastromauro.
Os protagonistas, conta ela, são homens que amaram e amam suas companheiras e estão em uma condição de dificuldade emocional e psíquica, principalmente devido à sua invisibilidade social. As gravações foram realizadas na região de Nápoles e Roma, na Itália; e em Valinhos, no Brasil.
A obra é composta de quatro vídeos e 22 fotografias. Em uma das salas, o público confere um mini-documentário de 25 minutos que projeta depoimentos de homens que perderam as companheiras, paisagens italianas e cenas internas da casa onde os casais viveram.
Nesta sala será reconstituída uma sala de estar, com bancos, cadeiras e mesa de centro. Lá estarão expostas também as 10 fotografias e os textos curatoriais do projeto.
Em outra sala serão exibidos os três vídeos que se comunicam entre si.
“É como se o homem se tornasse tão frágil a ponto de suavizar não apenas com a expressão da dor, mas também com a própria revelação de sua vida na história”, analisa Mastromauro, que é doutora em História pela Unicamp, com uma linha de pesquisa sobre “Política, Memória e Cidade” através da escrita e das artes visuais.
Acervo
A exposição “Pequenos Formatos” reúne 25 obras do acervo do Macc de artistas expressivos da cena nacional, como Vânia Mignone, Vera Ferro, Geraldo Porto, Geraldo Paranhos, Zé Cordeiro, Geraldo Ramos, entre outros.
Nesta mostra de pequenos formatos “mostramos que não é o tamanho que faz a obra e sim sua linguagem e atitude”, afirma o curador Fernando de Bittencourt, lembrando que os tamanhos das telas variam entre oito a 10 centímetros e muitos cabem na palma da mão.
Serviço
Exposições:
“O que mudou e continua a mudar”, de Estefania Gavina
“Viúvos – Vi Vedo”, de Giovana Mastromauro e Laura Cionci,
“Pequenos Formatos – Acervo MACC”
Onde: Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Avenida Benjamin Constant, nº 1.633. Centro. Campinas). Telefones: (19) 2116.0346 e (19) 3236.4716.
Abertura: quinta, 7/2, às 19h
Visitação: 7 de fevereiro a 31 demarço/2019. De terça a sábado, das 10h às 18h. Fechado: domingo, segunda e feriado.
Entrada gratuita.