Nossa Cidade
Mostra de trabalhos da Fumec é marcada por reencontros e realizações
José Maria Gonçalves não era dos melhores estudantes quando criança. Com 11 anos, uma professora queria bater nele com uma régua de madeira por causa da desobediência. O menino pulou a janela e fugiu da escola. Demorou mais de seis décadas para que ele colocasse os pés em uma sala de aula novamente.
Hoje, o aposentado tem 75 anos, aprendeu a fazer contas básicas em casa e a ler com revistas que ensinavam a tocar violão e custavam poucos cruzeiros. Há dois anos começou a frequentar a Fumec (Fundação Municipal para Educação Comunitária). Ele não queria, mas a esposa insistiu até que aceitasse. Valeu a pena: agora José Maria diz que aprecia a convivência com outros idosos e ajuda todos os colegas que precisam. “Gostei de tudo aqui”, comemora.
Mesmo convivendo e ajudando os outros estudantes, ele só tem a oportunidade de encontrar todos os seus pares na Semana da Mostra de Trabalhos Fumec, já que os demais colegas estudam em outras unidades da Fundação. A Mostra tem o objetivo de reunir todos os alunos e ainda colocá-los em contato com a arte, além de expor trabalhos feitos em salas de aula durante todo o ano.
24 anos de confraternização
Em 2018, o evento chegou à 24ª edição e foi realizado entre os dias 25 e 27 de setembro, no Centro Social Presidente Kennedy, no bairro São Bernardo. As atrações incluíram músicas, danças e atividades interativas. Cerca de 1500 pessoas passaram pelo Espaço Cultural do Centro Kennedy, entre elas o vice-prefeito de Campinas, Henrique Magalhães Teixeira, que discursou na abertura do evento.
Henrique falou da importância do aprendizado permanente durante vida: “a nossa mente precisa desse alimento, que é o estudo”. O vice afirmou que uma educação de qualidade é fruto da parceria entre uma Secretaria de Educação dedicada, professores inspiradores e alunos esforçados.
Durante a Mostra, o grupo Marias Bonitas, alunas de canto da Igreja Nossa Senhora da Paz, encantou o público. No repertório, músicas chamadas de “resgate das memórias”, incluindo clássicos como Asa Branca, de Luiz Gonzaga.
Uma das cantoras do conjunto é Renata Buzzola, pedagoga de 54 anos, que atua como agente de apoio da Fumec. Renata conta que desde quando estava na faculdade sentia vontade de trabalhar com o público mais velho, que sempre tem o que ensinar, segundo ela. E assim acabou entrando para as Marias Bonitas também.
Outros músicos se apresentaram durante a celebração, como Luccas Melo Soares, fundador do Instituto Anelo, e os alunos do Centro de Convivência Rosa dos Ventos, com o tema “recordando as canções do nosso folclore”.
Dançarinos também estiveram presentes, como os alunos do CEMEFEJA Pierre Bonhomme, na Vila Industrial, que mostraram as Danças do Jongo e das Fitas.