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Nossa Cidade

Motoristas de ônibus aprendem vocabulário básico em Libras

Um grupo com 30 motoristas de linhas do transporte público de Campinas tiveram a oportunidade de aprender nesta quarta-feira, 29 de novembro, o alfabeto, numerais e vocabulário básico da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O treinamento, realizado na sede da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), na Vila Industrial, foi promovido pela empresa em parceria com a Secretaria Municipal de Transportes (Setransp) e o Centro de Apoio e Integração do Surdocego Múltiplo Deficiente (Cais).

Para demonstrar como os surdocegos se sentem ao usarem uma língua que ainda tem baixo alcance, a pedagoga especialista Cibele Lona, do Cais, surpreendeu os participantes ao iniciar o treinamento desta quarta com saudações em francês, inglês e italiano. Com a falta de compreensão de parte do público, ela explicou sobre a dificuldade de comunicação. 

“O objetivo é melhorar e otimizar esta comunicação com o surdocego. Para receber dentro do ônibus, orientar, informar sobre o cartão e pontos de ônibus. Dar algumas referências básicas para que o motorista consiga entender o que ele está solicitando e atender a esta demanda”, explicou Cibele. 

A dinâmica da capacitação incluiu surdocegos atendidos pelo Cais que, com intérpretes, atuaram como monitores de grupos de motoristas, conferindo se os sinais estavam sendo desempenhados da forma correta. Com 22 anos de experiência, o motorista Erandi Pereira da Silva, que costuma atuar na linha 121 (Terminal Ouro Verde), disse que a troca de experiências abriu a sua mente. “O mundo deles é totalmente diferente do nosso. É muito bom aprender e ter esta convivência, pois eles merecem”, avaliou. 

Ao final da capacitação foi apresentado aos participantes o curta-metragem “Feeling through”, cujo enredo conta a história de um jovem que auxilia um surdocego em um ponto de ônibus. Emocionado por se identificar com o personagem do filme, Luiz Plantullo Neto compartilhou as dificuldades. “Às vezes, eu me sinto invisível com o caderninho pedindo ajuda”, contou, através da interpretação de Cibele. “O surdocego aprende a escrever. Por que o escrevente não pode aprender um pouco de Libras?”, questionou. 

Simulação com ônibus

Este foi o segundo encontro dos profissionais com a equipe do Cais. Em 22 de novembro, a turma esteve no Centro de Apoio e aprendeu a identificar e diferenciar as deficiências que afetam a visão, no módulo de “Orientação e mobilidade”, com a professora e orientadora de mobilidade Lilia Gonzaga Cardoso. Os surdocegos, por exemplo, usam uma bengala vermelha e branca. Pessoas com baixa visão utilizam bengalas verdes, e quem teve perda total de visão fica com bengalas brancas.

Para compreender a experiência das pessoas com surdocegueira no transporte público, os profissionais participaram de uma simulação com ônibus. Com a visão tampada, os profissionais acessaram o veículo e vivenciaram por um período os desafios enfrentados pelos usuários. 

O treinamento foi oferecido aos motoristas de algumas das linhas mais utilizadas pelas pessoas atendidas pelo Cais. A previsão é de que o treinamento aos demais motoristas do transporte público municipal seja estendido gradativamente.

Ajustes na sinalização e transporte

O diálogo entre Emdec e Cais resultou, desde março, em uma série de intervenções necessárias à mobilidade segura das pessoas com deficiência (PCDs) que frequentam o Centro de Apoio. 

Entre elas, a alteração de uma linha do transporte público. A 360 – Proença/Castelo teve o itinerário alterado em 1º de setembro para passar pela rua Lino Guedes, no Jardim Paulistano, em frente ao Cais. Três novos pontos por sentido também foram adotados, sendo um deles em frente à instituição, para facilitar o embarque e desembarque das pessoas assistidas. 

Entre julho e agosto, a Emdec revitalizou toda a sinalização no entorno do Cais, após diagnóstico que incluiu o entendimento das necessidades e demandas das pessoas surdocegas. Foram implementadas medidas para reforçar a segurança viária, como a revitalização da sinalização horizontal e vertical do cruzamento entre as ruas Rosa Lopes e Lino Guedes, além da implantação de zebrados e tachões para induzir a redução de velocidade dos veículos que trafegam no local. 

Sete rampas de acessibilidade com piso tátil foram instaladas nas imediações da instituição para facilitar o acesso dos assistidos pela instituição à praça Renê Pena Chaves e realização de atividades externas, que incentivam a autonomia. O investimento nas rampas foi de R$ 104.582,32. 

Uma lombada foi implantada na rua Lino Guedes, na altura do número 390, o que permitiu a instalação de uma nova faixa de pedestres no local para facilitar o acesso à praça.

Na rua Rosa Lopes, duas vagas de estacionamento para PCDs foram revitalizadas, com a execução de rampa de acessibilidade. Também foram implantadas sinalizações de trânsito alertando os condutores sobre a presença e travessia de pessoas surdocegas, visando à conscientização; e reforçada a sinalização de regulamentação de velocidade de 30 km/h. Na rua Lino Guedes, perto da travessia de pedestres, a placa de advertência ainda está associada a um semáforo com amarelo piscante, destacando a necessidade de cautela no tráfego. 

Outros cruzamentos tiveram a sinalização revitalizada: entre as ruas Rosa Lopes e Inspetor Joaquim Atensia; Lino Guedes e Serra dos Itatins; Lino Guedes e Bauru; no eixo da rua Lino Guedes, entre a avenida Princesa D’Oeste e rua Bauru; e no eixo da rua Rosa Lopes, entre as ruas Lino Guedes e Inspetor Joaquim Atensia. 

As medidas estão em fase de monitoramento e, caso sejam identificadas novas necessidades, elas podem ser revisadas.

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