Cultura & Lazer
Multidão prestigia tradicional Cerimônia da Lavagem da Escadaria
A tradicional Cerimônia da Lavagem da Escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas atraiu muitas pessoas ao centro de Campinas no último sábado de Aleluia, 8 de abril. O evento, realizado de forma presencial após suspensão de dois anos por conta da pandemia e, pela primeira vez, como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas, foi marcado por muita emoção e pela presença maciça da população.
Milhares de pessoas, entre integrantes de religiões afro-brasileiras de Campinas e de outras cidades da região, religiosos, curiosos, autoridades, parlamentares e apoiadores acompanharam a cerimônia.
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, prestigiou o evento e cumprimentou as idealizadoras Mãe Corajacy e Mãe Dango e os demais envolvidos na realização da Lavagem, que é um potenteLavagem
Dário Saadi foi o ‘Prefeito de Honra’ que conduziu a reunião de apreciação do pedido de registro da cerimônia da Lavagem como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas. O pedido foi feito pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), no dia 24 de novembro de 2022.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas apoia os eventos em celebração da Lavagem da Escadaria da Catedral. A secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi, e o diretor de Turismo, Eros Vizel participaram da cerimônia.
A secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, ressaltou o fato da Lavagem deste ano ser “o primeiro depois da pandemia e o primeiro ano como Patrimônio Cultural imaterial reconhecido pelo município”. “Ter esta celebração já como patrimônio cultural imaterial, significa uma representatividade em termos do quanto este movimento agora vai estar sempre preservado. Isso é muito importante”.
A secretária se emocionou em participar também pela primeira vez e ainda de poder presenciar a vontade das pessoas em participar da celebração. “É uma festa linda e mais bonito é ver como a cidade veio prestigiar um movimento que volta com toda a força após a pandemia”.
O diretor de Cultura, Gabriel Rapassi, lembrou que a lavagem da escadaria simboliza um ato em que todas as injustiças são superadas. “As águas da lavagem levam embora todas as injustiças cometidas. Essa cerimônia que acontece todos os anos é muito bonita, tem uma grande importância para a comunidade que faz, mas também para toda a cidade porque ajuda a construir na cidade uma cultura de paz, uma cultura de convivência entre as diferenças”.
A Lavagem deste ano começou logo pela manhã com o cortejo saindo da Estação Cultura, descendo a rua 13 de Maio até se concentrar a frente da Catedral, por volta do meio-dia para a lavagem.
As comunidades saudaram e reverenciavam a Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Campinas e no ritmo dos tambores, cantaram os cânticos afros. No final, lavaram as escadas da Catedral com a água perfumada de alfazema e as mães e pais de santo distribuíram flores brancas e salpicaram a água perfumada na população.
A festa continuou à tarde com apresentações de teatro, capoeira, samba de bumbo e show com a cantora Leci Brandão.
A edição deste ano teve uma programação cultural paralela com duas exposições, inauguração da Sala de Leitura “Clélia Santana”, em homenagem a servidora da Secretaria da Cultura, falecida em 2017.
A Sala de Leitura funciona na Estação Cultura. No mesmo local há a exposição de fotografias de Fabiana Ribeiro das várias edições da Lavagem. A exposição é composta por 60 painéis com fotos e textos informativos sobre o patrimônio e sua importância, além de depoimentos de diversas pessoas que participam da celebração e contribuíram para o documentário sobre a Lavagem como Patrimônio da cidade.
A exposição pode ser vista até 30 de abril, com horário aberto ao público das 8h às 19h de segunda à sábado, domingo aberto caso haja eventos na Estação.
João Zinclar
A segunda exposição é do Cortejo da Lavagem das Escadarias, com fotografias de João Zinclar. A iniciativa é do Coletivo Gestor do Acervo João Zinclar com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
O fotógrafo João Zinclar, gaúcho por origem e campineiro por adoção, falecido há 10 anos, que deixou uma obra monumental, registrando movimentos sociais, culturais e políticos de Campinas e do Brasil. A exposição também conta com a participação do parceiro de Zinclair, o fotógrafo João Cícero de Almeida, militante do movimento cultural e das lides da cultura negra na cidade.
As fotografias estão em estandartes instalados ao longo da Rua 13 de Maio desde a Estação Cultura até a Praça da Catedral.
Em sua obra, hoje resguardada no Arquivo Edgard Leuenröth, na Unicamp, com mais de 250 mil imagens catalogadas, e que conta com um coletivo gestor, formado por velhos parceiros do João. Está disponível para consultas e solicitações de uso pela página virtual ajz.campinas.br, que é organizada pelo Coletivo Gestor do Acervo João Zinclar, e onde pode ser abordada uma parte significativa de sua obra.