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Nossa Cidade

Música no Quintal apresenta documentário sobre ancestralidade e resistência africana

 
O projeto Música no Quintal, formado por artistas da música e produtores audiovisuais de Campinas, apresenta no dia 28 de fevereiro o documentário “Música no Quintal e os Vissungos” na Casa de Cultura Tainã. A exibição tem entrada gratuita. Este projeto foi contemplado e patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – FICC 2022, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas.
 
Idealizado pela pianista Carol Leão, abraçado pela produção audiovisual de Gabi Perissinotto e Marcel Vecchia, e pelo pesquisador Antô Deval, o documentário visitou em 2023 novos quintais, culturas ancestrais e raízes fortalecidas por vínculos afetivos e de resistência pelos povos africanos escravizados no Brasil através de um estudo aprofundado do grupo Tlhangana sobre os vissungos. 
 
“Para esta edição do Música no Quintal, apresentamos o trabalho artístico e cultural que vem sendo feito pelo Tlhangana, formado por Graciela Soares, Marcelo Santhu e Otis Selimane Remane”, conta a idealizadora do Música no Quintal e pianista, Carol Leão. “O quintal escolhido para as gravações deste documentário foi a Fazenda Roseira, sede do Jongo Dito Ribeiro, casa e quintal para tantas, tantes e tantos na cidade de Campinas”. 
 
Os Vissungos 
 
Denominados cantos de trabalho, os vissungos tiveram uma primordial função social, como explica a cantora Graciela Soares: “Tem o canto da tarde, o canto do amanhecer, o canto para falar mal do senhor… então eles usavam isso como código, às vezes um canto para avisar que vai ter tentativa de fuga ou avisar que uma pessoa morreu”. 
 
O disco "O Canto dos Escravos" (1982), de Tia Doca, Geraldo Filme e Clementina de Jesus, é o primeiro objeto de pesquisa do grupo Tlhangana e também desta fase do projeto Música no Quintal. 
 
“Os vissungos foram herdados dos povos escravizados africanos de origem banto, trazidos para o Brasil para trabalhar na mineração de ouro e diamante nos séculos 17 e 18”, explica a produção do documentário. 
 
Eles misturam dialetos africanos como o umbundo e o quimbundo ao português arcaico. Além das minas de ouro, esses cantos podiam ser observados em diversas situações da vida cotidiana do negro escravizado, como no trabalho dos terreiros, nas brincadeiras e no cortejo dos enterros. Os povos negros que forneceram à criação deste álbum uma imensa riqueza de saberes linguísticos e de resistência, foram alvos da escravidão nos séculos 17 e 18, mais especificamente na região de Minas Gerais. 
 
Os vissungos presentes neste álbum e apresentados no documentário Música no Quintal foram recolhidos pelo filólogo mineiro Aires da Mata Machado Filho em contato com os negros benguelas de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina (MG).
 
Serviço
 
Exibição do documentário "Música no Quintal e os Vissungos"
 
Data: 28 de fevereiro, quarta-feira
Horário: 19h30
Local: Casa de Cultura Tainã
Endereço: Rua Inhambu, 645, Vila Pe. Manoel de Nóbrega
Entrada gratuita
 
Acessibilidade: Libras pelo YouTube
 
 

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