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Nossa Cidade

Números mostram importância e urgência do cuidado com a saúde da mulher

A importância da saúde da mulher e da redução da mortalidade materna em Campinas foi o tema do encontro realizado nesta quarta-feira, dia 25, no Salão Vermelho do Paço Municipal. O objetivo foi avaliar os dados de óbitos em mulheres de 10 a 49 anos na cidade tendo como foco a violência e as causas de morte materna. 

O encontro integra a estratégia do Comitê Municipal de Vigilância de Óbito Materno Infantil e Fetal, e marca o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, celebrados em 28 de maio.

Presente na abertura do encontro, o secretário Municipal de Saúde, Lair Zambon, disse que a pandemia escancarou a fragilidade da saúde materno-infantil e que é preciso retomar a organização da área, principalmente no pré-natal. “Um evento como esse vem ao encontro dos objetivos da Prefeitura, que tem como uma das missões o fortalecimento dos dados e seu uso para gestão em saúde”, disse.

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) reforçou que os serviços de saúde ficaram voltados ao controle da pandemia entre 2020 e 2021. “Campinas teve bastante sucesso nisso, mas hoje vemos uma série de indicadores que precisam ser melhorados”.

Violência física, sexual e suicídio

Uma das apresentações foi feita pela enfermeira Ana Paula Crivelaro Ferreira, articuladora do Sistema de Notificação de Violência (Sisnov) de Campinas. Ela apresentou dados como a distribuição das notificações de violência contra a mulher. Em 2019, informou, as notificações de violência física representavam 36% do total, vindo, em seguida, 21% de violência sexual e 15% de tentativa de suicídio, ou suicídio.

Em 2020, a violência física para o mesmo público ficou com 34% do total, seguida de 25% para sexual e 16% para tentativa de suicídio/suicídio. Em 2021, os números ficaram respectivamente em 33%, 24% e 20%; e em 2022, nos quatro primeiros meses do ano, em 28,5%, 27% e 19%.

“As tentativas de suicídio tiveram um aumento, o que nos preocupa bastante. Precisamos voltar os olhos para as possíveis violências que as mulheres estão sofrendo e que as motivam às tentativas de suicídio”, destacou Ana Paula.

Violência em geral

No total, em 2019, foram feitas 1.415 notificações de violência contra as mulheres, 1.179 em 2020, 1.533 em 2021 e 474 de janeiro a abril deste ano. A maioria envolve mulheres de 20 a 59 anos, seguida por 10 a 19 anos de idade. “As notificações caíram de 2019 para 2020 como reflexo da diminuição da assistência direta à população na área da saúde, assistência e educação e no ano de 2021 volta a crescer com o retorno das atividades”, contou Ana Paula.

O coordenador do Comitê Municipal de Vigilância de Óbito Materno, Infantil e Fetal, André Pampanini Melo, que é ginecologista obstetra, apresentou os dados levantados pelo órgão, como o número de mortes de mulheres em idade fértil em Campinas (10 a 49 anos).

Segundo ele, na série histórica de 2012 a 2020, a média anual de mortes de mulheres nesta faixa etária era de 286. Já no ano de 2021, o número subiu para 501. “Vínhamos numa queda do coeficiente de mortalidade e de 2020 a 2021 houve um crescimento de 76,4 para 125,1 (a cada 100 mil mulheres)”, apontou.

Com relação às causas entre 2012 e 2021, as principais foram neoplasias (28,2%), doenças do aparelho circulatório (18,5%), causas externas (16,4), outras doenças (15,5), aparelho respiratório (6,7%), doenças infecciosas (6,7%), aparelho digestivo (4,6%) e endócrinas (3,4%). A principal mudança, entre 2020 e 2021, foi em relação às doenças infecciosas (entre as quais está a covid-19), que passaram a ocupar 32,6% das causas de óbitos, ultrapassando todas as outras.

Mortalidade materna e planejamento familiar

A pauta da mortalidade materna e do planejamento familiar também foi abordada no evento. Para o ginecologista obstetra Marcelo Nomura, da área de pré-natal de Alto Risco da Secretaria de Saúde de Campinas, a razão da mortalidade materna é o principal indicador de assistência à saúde da mulher em idade fértil. “É um indicador da desigualdade e disparidades quando se comparam índices entre populações e regiões geográficas diferentes, um espelho muito amplo e abrangente da qualidade da assistência”.

A médica ginecologista obstetra Miriam Nobrega, da Assessoria Saúde da Mulher do Departamento de Saúde da Secretaria de Saúde de Campinas, falou sobre o planejamento familiar e as ações que precisam ser tomadas antes, durante e depois de uma gestação, orientando os profissionais de saúde a conhecerem as mulheres de que cuidam, seu histórico e comorbidades. “O planejamento familiar é essencial para evitar as mortes maternas. O número de filhos deve ser uma escolha consciente da mulher.”

Saúde mental

O encontro também teve a participação de Larissa Castro, repórter da EPTV e idealizadora do “PodFalar, Mãe!”. Ela discorreu sobre questões relativas à saúde mental da mulher. “Entre as causas que contribuem para a depressão pós-parto estão o histórico de depressão, a ausência de uma rede de apoio, o estresse por si só, e a falta de planejamento e informação”, disse.

Também participaram do evento as médicas Adriana Gomes e Fernanda Surita, ginecologistas obstetras e docentes do CAISM/Unicamp.

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