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Prata da Casa: professor Hermelindo transforma teoria em conquistas

Prata da Casa: professor Hermelindo transforma teoria em conquistas

Defensor convicto do esporte como agente transformador da sociedade a partir da periferia nos grandes e pequenos centros urbanos, o professor Hermelindo Davanzo Júnior, servidor público da Secretaria de Esportes e Lazer há 20 anos, procura, no dia a dia, transformar a argumentação teórica na prática de bons resultados. Para ele, a política esportiva a partir das escolas, com projeto de caráter nacional, é um caminho que pode representar conquistas sociais e esportivas.

Do sonho em ser jogador, passando pelo projeto de treinador profissional, o futebol sempre foi tema no convívio da família Davanzo. Tanto que Hermelindo atuou como goleiro nas categorias de base do Guarani.

 Mas os planos foram alterados conforme as necessidades e o ex-futuro engenheiro elétrico, no momento mais difícil da vida, conseguiu sobreviver na condição de técnico eletrônico.

 O curso de Educação Física na Unicamp e o concurso na Prefeitura Municipal de Campinas abriram uma nova perspectiva: “Entrei na faculdade para ser técnico de futebol e hoje, felizmente, na Praça de Esportes do Santa Mônica, sou educador”, ressaltou o professor Hermelindo.

Futebol na essência

O futebol nas veias é uma herança familiar. O tema sempre fez parte das conversas conduzidas pelo pai ferroviário, “seo” Hermelindo, e a mãe faxineira, dona Benedicta Rosa, invariavelmente com foco no Guarani. Esta conexão ficou ainda mais forte na adolescência, quando Hermelindo passou num teste realizado pelo clube.

 A boa estatura o conduziu para o gol, embora a pretensão inicial fosse ser testado como meio campista. Frequentou o clube, aprendeu a admirar Dimas Monteiro, goleiro negro, um dos ícones da história do Bugre. A relação com o mundo do futebol foi momentaneamente interrompida para dar andamento aos estudos, mas permaneceu guardada para retornar no futuro.

A Faculdade de Engenharia Elétrica (Unisal Americana) daria ao engenheiro Hermelindo a estabilidade financeira desejada. Mas o destino indicou outro caminho. A três semestres da formatura, abandonou o curso.

Voltou a trabalhar como técnico em eletrônica para ajudar no sustento da família e uma importante decisão foi tomada em 1996. ” Queria ser treinador de futebol. Precisava adquirir conhecimento. Fui para a Unicamp cursar Educação Física”, relembrou Hermelindo.

 Mudança de planos

Os esforços para buscar os objetivos foram recompensados, mas não foram imediatos. No início dos anos 2000, após concluir a faculdade, montou uma escolinha de futebol, porém o planejamento idealizado não deu resultado. Novamente, a pretensão de trabalhar diretamente com o esporte teve que ser protelado.

Sem desistir, viu no concurso da Prefeitura Municipal de Campinas, como professor de Educação Física, a chance de colocar em prática a antiga paixão pelo esporte, sustentado no conhecimento adquirido na universidade.

Após a aprovação, foi chamado em 2002 para começar a trabalhar como funcionário público na Praça de Esportes do Padre Anchieta e teve a primeira experiência com a juventude da periferia. Durante três anos conseguiu desenvolver uma boa interação entre professor e alunos, com resultados significativos no campo esportivo, mas principalmente na área social, em razão do desenvolvimento humano dos adolescentes.

Projeto Social

Corria o ano de 2005, na gestão do prefeito Hélio de Oliveira Santos, quando o Professor Hermelindo passou a desenvolver trabalho de caráter administrativo, na Coordenadoria de Esportes Educacionais. Como chefe de setor, acompanhou a viabilização do Centro Esportivo de Alto Rendimento (Cear), sendo diretamente responsável pela administração do Projeto 2º Tempo, com 70% dos recursos federais sustentados pelo Ministério dos Esportes.  Tendo várias modalidades utilizadas como ferramenta, a meta do projeto era melhorar a vida da população periférica, principalmente a mais carente.

A primeira medida tomada foi a criação de uma estratégia para alcançar áreas que eram muito distantes: “Foram criados 50 núcleos na cidade toda, onde não tinha Praça de Esportes. Associação de moradores, entidades sociais foram parceiras. Fomos ao Jardim Fernanda, no Campo Grande, no Jardim Campineiro. Uma demanda de cinco mil crianças atendidas”, assegurou o professor Hermelindo.

Assegurar a presença de profissionais com especialização nos esportes coletivos (futebol, futsal, basquete, vôlei e handebol) e nos esportes individuais (natação, dança e atletismo), também era responsabilidade dele. A parte pedagógica ficou sob a orientação de uma empresa parceira terceirizada.  O projeto foi descontinuado com a mudança de governo.

Santa Mônica

Nos últimos dez anos, a vida do professor Hermelindo está intimamente ligada à Praça de Esportes do Santa Mônica, onde dá aulas de futebol e de futsal. Para auferir bons resultados, aprendeu que é preciso respeitar as peculiaridades de cada região da cidade. “Cada espaço da cidade tem uma característica. Aqui, é o futebol que manda. Masculino e feminino. Varia muito de região para região”, explicou.

A missão diária é também valorizar as qualidades dos alunos para melhorar a autoestima, um trabalho feito de forma paulatina, para ajudar a criar cidadãos. ”Venho para cá para ser exemplo. No comportamento, nos gestos e nas atitudes. É gratificante quando recebo ligação ou visita de ex-aluno que formou família, está empregado e ganhando o pão de maneira honesta”, celebrou o professor Hermelindo, casado com a esposa Luciana, pai da Maria Clara e da Giovanna.

Ao ter a possibilidade de aplicar o conhecimento adquirido com os estudos e a vivência do dia a dia, sabe que o impulso do crescimento social está intimamente ligado à presença das crianças nas escolas. O combo educação, saúde e esporte é o grande diferencial para sair da estagnação rumo ao avanço: “Primeiro, é melhoria e perspectiva de vida sadia para quem vive na periferia. Num outro plano, quem tem qualidade para crescer no esporte, pode ter um acompanhamento mais próximo, cuidadoso. Ao investir na base, as chances de social e esportivo serem bem sucedidos, serão infinitamente maiores”, conclui o professor Hermelindo.

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