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Nossa Cidade

Pratas da Casa – Professora Deise Campos de Sousa

Ao completar 25 anos como servidora pública na Prefeitura Municipal de Campinas, no dia 27 de agosto deste ano, Deise Campos de Sousa, professora de Educação Física e coordenadora de Participação na Secretaria de Esportes e Lazer, tem na trajetória profissional características arraigadas na infância em Registro, cidade onde nasceu, no Vale do Ribeira, região Sudoeste do Estado de São Paulo. 

A determinação instigada pelo pai para ordenhar vacas e laçar o gado na fazenda, aliada ao estímulo cognitivo dos jogos de mesa (damas, xadrez e quebra cabeças) são traços expressivos da personalidade. A importância de um bom convívio coletivo com reflexo ligado diretamente ao fortalecimento individual foi um dos aprendizados que norteiam a condução das aulas, do relacionamento com crianças e idosos, da carreira profissional.

 O esporte como instrumento de transformação, independentemente da idade de quem pratica, “é benefício concreto para a vida”, define a professora Deise. Ao entender que as mudanças ocorrem por meio de ações concretas, quer contribuir, cada vez mais, para uma sociedade saudável e acolhedora.

A simplicidade plural

Os Campos de Sousa, de origem portuguesa, tiveram nos anos de 1960 uma vida ligada às funções do campo. Casado com a dona Benedita, o sr. Rubens de Sousa administrava uma fazenda de propriedade da família. E foi no ambiente rural que a prole se formou a partir da primogênita Denise, vindo logo em seguida Deise, e os irmãos Rubens Tadeu e Rafael.

Desde os primeiros anos de vida, todas as crianças foram educadas a tratar com respeito tudo o que integra a natureza e extrair da terra atributos, sem dano ao meio ambiente. Com uma relação de apreço e leveza de convivência ao cenário da roça, ainda na fase infantil, Deise aprendeu com o pai a ordenhar vacas de manhãzinha. O passo seguinte foi laçar bois.

Da figura materna de dona Benedita aprendeu a importância de servir o próximo, através das ações de solidariedade que observava, quase todos os dias: “minha mãe era uma pessoa que ajudava todo mundo e tinha uma memória privilegiada”, relembra. Para estimular a parte cognitiva, era comum nas reuniões noturnas, os jogos de mesa como xadrez, damas e quebra-cabeça.

A descoberta na escola

Andar de bicicleta na areia, transpondo obstáculos de terra, foi uma maneira de estreitar a relação da adolescente Deise com algo que poderia sugerir algo parecido com esporte. Mas a teoria e a prática esportiva chegaram na 5ª série, com a professora Takako, responsável pelas aulas da disciplina de Educação Física. Até a 8ª série, estudando na Fundação Bradesco, fez muitos progressos nas modalidades de vôlei e atletismo, mas o basquete provocava uma sensação diferente, prazerosa, principalmente porque disputou e venceu alguns torneios escolares.

Alta, forte e com ótimo preparo físico, enquanto cursava o 2º grau (hoje ensino médio) na Escola Estadual Dr. Fábio Barreto, foi convidada para jogar pela Atec (Associação Tuzino de Esporte e Cultura), time de Jacupiranga ,cidade vizinha de Registro. Dos 16 aos 18 anos, disputou Jogos Regionais, mas na escola, às vezes, fazia a função de monitora durante as aulas de basquete.

Habituada à calmaria da região, tinha anseio de cursar uma faculdade, porém, não estava disposta a escolher um grande centro para ingressar na vida universitária. Prestou vestibular para Educação Física e entrou na Universidade Estadual de Ponta Grossa, cidade que fica na região Oeste do estado do Paraná.

Hábitos e costumes de outras culturas

Com a chegada de 1990, a Deise Universitária teve dificuldade para se adaptar ao município de Ponta Grossa nos primeiros meses: “Eu ainda muito jovem, longe de casa, passei a conviver com russos, ucranianos e italianos. Tudo bem diferente da minha realidade. O choque cultural era muito grande”, rememora.

 Se foi preciso paciência e amadurecimento para entender algumas situações, por outro lado, na faculdade, aprendeu muito bem a parte biológica e fisiológica, disciplinas acompanhadas e pesquisadas até hoje, principalmente quando o tema é Antropometria, segmento das ciências humanas que estuda o corpo, especialmente o tamanho e a forma.

Competitiva, durante o curso continuou se dedicando ao basquete e disputou campeonatos universitários e estaduais do Paraná, porque conseguiu conciliar os estudos, o prazer de treinar e entrar em quadra para jogos. Em 1993, o ciclo acadêmico foi concluído.

Na Educação e no Esporte

Fechado o ciclo universitário, a professora Deise Campos de Sousa retornou para casa e foi contratada para trabalhar na Secretaria de Educação do Município de Registro. As aulas atribuídas a ela foram numa escola próxima ao sítio onde a família morava. Como parte das coincidências que surgem inesperadamente, começou a dar aula para Rafael, o irmão mais novo.

 Ativa, também aceitou o desafio de algumas alunas e compôs o time de futebol feminino do bairro, na posição de goleira. Foram aproximadamente quatro anos em vários torneios.

Neste período, conseguiu desenvolver um projeto extremamente prazeroso: “Montamos uma equipe de atletismo, formada por alunos muito simples, mas extremamente dedicados. Os resultados permitiram a meninas que nunca saíram de casa e sequer tinham energia elétrica, conhecer outras cidades, centros desenvolvidos”, salienta a professora Deise. 

Com as limitações das aulas, optou por prestar concurso público em duas cidades: Campinas e Juquiá. Passou em ambas, mas a escolha foi instantânea.

A servidora pública em Campinas

Em 1998, a professora Deise Campos de Sousa, contratada pela Secretaria de Esportes, começou a dar aulas de basquete para os alunos que frequentavam o Taquaral. A experiência adquirida ao longo dos anos como jogadora também contribuiu para trabalhar a parte técnica e de relacionamento com os moradores que frequentavam a Praça dos Trabalhadores, na Vila Castelo Branco. Identificada e perfeitamente adaptada à cidade, em 2005, veio o casamento com Marcelo Calsarava.

As crianças com idade pré-escolar também receberam as orientações da professora Deise nas várias praças esportivas que já atuou. “Sempre me identifiquei com as crianças. Com elas, é um trabalho de lapidação, de desenvolvimento mesmo. Algo especial”, avalia. Quase que de forma simultânea, uma nova perspectiva surgiu quando começou a dar aulas de ginástica para idosos.

Há oito anos acumula as aulas e a função administrativa de Coordenadora de Participação para adultos e idosos, na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. Uma experiência qualificada como enriquecedora, o convívio com os 60+. É uma parcela da população que, às vezes, é esquecida. Só que as pessoas têm projetos, pique e energia. O exercício ajuda a socializar, a ter saúde”, completa.

Neste mês de outubro vai ser disputada a “Campíadas” nas modalidades de atletismo, damas, natação, tênis de mesa ,tranca e xadrez, direcionada para atletas na faixa acima de 60 anos. A professora Deise também é responsável pela coordenação das equipes que representam Campinas nos JOMI (Jogos da Melhor Idade).

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