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Cultura & Lazer

Pratas da Casa: a ginasta, educadora e técnica Lucila Henrique Machado

Pratas da Casa: a ginasta, educadora e técnica Lucila Henrique Machado

O carinho recebido da família desde a infância encaminhou a servidora pública Lucila Henrique Machado para o mundo da ginástica. A trajetória, nas mais diversas etapas da vida, tem uma relação especial com as crianças e a paixão pelo esporte, fatores que abriram caminho para o constante aperfeiçoamento da educadora e técnica.

O trabalho incansável, em busca do conhecimento para viabilizar a projeção de atletas reveladas no espaço público, completou 20 anos no último janeiro. Mas a missão está sempre em movimento, porque uma nova geração identificada com a ginástica artística começa a ser lapidada com amplas possibilidades de sucesso, modelo traduzido por ícones nacionais como Luiza Parente, Daiane dos Santos e Rebeca Andrade.

A busca constante pela descoberta do bruto talento é tarefa árdua e extremamente desafiadora, segundo a professora, porque no país não existe ainda um projeto de massificação, uma política esportiva bem desenhada e executada a longo prazo. “É preciso oferecer condições de desenvolvimento social/esportivo para quem vive na periferia”, define a professora Lucila.

Prima inspiradora

A herança genética recebida do “seo” Adelson e da dona Doroty teve características ligadas à educação e ao esporte. O pai jogou futebol profissionalmente em Araçatuba e São José do Rio Preto e a mãe sempre praticou natação. O casal se conheceu na Faculdade de Ciências Biológicas. Com as chegadas dos filhos, Gláucia, Maurício e Lucila, resolveram, em 1980, deixar Birigui para trabalhar em Campinas, já com perfil de metrópole apoiada no crescimento educacional e de conhecimento, conforme buscava a família.

Estabelecida no Bairro Botafogo, próximo à antiga Estação Rodoviária, os dias da família passavam tranquilos e leves. Lucila recebia o carinho dos irmãos e a inspiração da prima Juliana, que integrava a equipe de ginástica artística de Piracicaba. Era o modelo a seguir. Determinada, começou a frequentar as aulas de ginástica do Clube Regatas. No primeiro momento, eram atividades básicas que não especificava a modalidade.

Pelo fato de ter começado “tarde” na ginástica e ser alta, não tinha a mesma facilidade que as mais baixas, com biotipo apropriado, conseguiam mostrar. Mesmo assim, não desistiu. Depois de algum tempo, conseguiu sair da equipe intermediária. “Foi uma conquista começar a competir, com a aprovação da professora Sílvia Vieira, um divisor de águas na minha vida. Tive a convicção de que o esporte conduziria a minha vida”, relembrou Lucila.

Vida Acadêmica

A atleta dedicada competiu em eventos estaduais e municipais criados para popularizar e permitir o acesso da população à ginástica. Os treinamentos diários no clube despertaram também o interesse pela literatura desse esporte. Um dos prêmios pelo empenho foi integrar a equipe comandada pela técnica Malu Detânico, na Ginastrada, competição de ginástica geral realizada em Berlim, na Alemanha.

No mesmo ano, 1995, prestou vestibular e iniciou o curso Educação Física na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A relação dos verbos aprender e ensinar, se configurou no banco acadêmico com a monitoria que realizava no Regatas, dando total atenção às meninas que estavam iniciando os treinamentos.

Serviço Público

Graduada em Educação Física, avançou no aprendizado recebido pelos pais à respeito da importância do servidor público e o compromisso assumido com a população. Prestou o concurso na Prefeitura Municipal e foi contratada em 2003. “Fomos recepcionados pelo professor Domingos Gigli, diretor da Secretaria de Esportes, que nos acolheu e deu todo apoio para a nossa evolução”, rememorou.

De início, foi dar aula de ginástica artística, rítmica, localizada e de vôlei, no Ginásio Rogê Ferreira, no Bairro São Bernardo. Neste período, foi criado também um projeto para levar aulas para a periferia. No Bairro Vida Nova as aulas eram apenas para adultos e o fato de dar atenção, explicar as necessidades da atividade física na vida de todos, “deixava as pessoas muito felizes”, descreveu a professora Lucila.

Unidade Taquaral

No imaginário das meninas com idade a partir de 5 anos, a ginástica artística ocupa um plano de destaque. As medalhas olímpicas asseguradas por ginastas brasileiras são fonte de inspiração para as alunas que integram a fase de iniciação, com as aulas realizadas no Ginásio do Taquaral, sob as orientações das professoras Lucila e Giovana.

Atualmente, são aproximadamente 200 crianças que frequentam regularmente as aulas de ginástica artística, de segunda a sexta-feira, nos períodos da manhã e tarde, conforme a faixa etária e desenvolvimento do aprendizado. Como o trabalho desenvolvido é de excelência, estão cadastradas mais 175 crianças, em lista de espera, para serem chamadas o quanto antes.

Uma forma de atenuar este quadro constatado na ginástica artística e na maioria das outras modalidades, seria a implementação de uma política esportiva por meio do Ministério dos Esportes, acredita a técnica, para acesso de toda a população, independente da região, dos município pequenos, médios e grandes. “Quando a gente conseguir descentralizar e trabalhar com profissionais especializados, seja qual for a modalidade, o caminho para o surgimento de grandes esportistas e cidadãos ficará bem mais viável”, concluiu a professora Lucila.

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