Nossa Cidade
Pratas da Casa: Professora Renata Baronti
Resiliência é uma das marcas da carreira de Renata Ferreira Baronti, funcionária da Prefeitura Municipal de Campinas, com 21 anos de serviços prestados ao esporte. Ela é Instrutora de Práticas Esportivas e exerce a função de Coordenadora de Formação Esportiva na Secretaria de Esportes e Lazer. O compromisso com a gestão administrativa não aplacou a essência da educadora, já que as aulas semanais para crianças e pessoas da 3ª idade seguem na programação do Balneário Taquaral. A trajetória dentro do esporte teve início na Capital e foi solidificada em Campinas.
As primeiras braçadas
A família Baronti residia da Penha, na zona leste de São Paulo, e ganhou uma nova integrante em 1972. A menina Renata, hiperativa, chegou para movimentar as vidas do pai Valdir, da mãe Ana e da irmã mais velha Ana Paula.
A companhia dos primos foi importante para descobrir o esporte que se transformaria em parceiro a partir da infância.” A natação foi um acontecimento. Nós tínhamos um apartamento no Guarujá. Aprendi a nadar no mar”, conta Renata Baronti. Defender o Clube Esportivo da Penha em provas e torneios municipais reforçou o perfil competitivo, sempre motivo de inspiração. Tênis, vôlei, atletismo e frescobol também estavam no cardápio esportivo.
Aos 13 anos, a mudança não foi apenas sair da Penha e habitar uma nova residência em Higienópolis. O colégio Rio Branco era uma proposta bem mais ampla, diferente do Colégio São Vicente de Paula, onde era permitido apenas jogar queimada. Nas aulas de educação física, o basquete foi uma descoberta bem sucedida, com resultados interessantes nos Jogos Interescolares e Colegiais. Os estudos sempre foram prioridade e o sucesso no vestibular na Unicamp foi festejado.
Obsessão e preconceito
O curso de Engenharia Agrícola foi a primeira experiência acadêmica. Se as aulas não tinham o apelo imaginado, a turma fez história com a criação do primeiro time de futsal feminino da universidade. As jogadoras apaixonadas eram das engenharias Agrícola e de Alimentos, Medicina e Educação Física. Os treinos ocorriam na quadra externa, no horário do almoço, porque era o período de intervalo das outras atividades.
A obsessão pelo alto rendimento foi motivo de redirecionamento na vida: “Se a Engenharia Agrícola estava fora de mim e eu não saía da Educação Física, foi preciso alterar a rota. Depois de cinco semestres, cursinho e um novo vestibular”, relembra Renata Baronti.
Em seis meses, estava matriculada na Faculdade de Educação Física da Unicamp. O projeto futsal alcançou visibilidade e um novo horário de treinamento: diariamente, das 21h às 23h, no ginásio interno da universidade. O time era melhor estruturado, assim os adversários de outros tempos foram superados, mesmo com todo preconceito: “Quando a gente ia comprar tênis, chuteiras nas lojas, os vendedores nos condenavam pelo olhar. Em torneios da Liga, parte da torcida só tinha palavrões para gente. Desrespeito total”, ressalta Renata.
A evolução transforma
Em 1996, Renata finalizou os estudos, mas antes mesmo do bacharelado em Educação Física, já desenvolvia projetos na Vila União sustentados por uma bolsa do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e da Academia Sérgio Cavalcante. “Me apaixonei por trabalhar com gente. Me aprimorei para dar aulas para bebês (natação), crianças (tênis). Troquei o glamour do alto rendimento pela importância da base. E claro, a terceira idade, outra paixão que tenho”, afirma.
A baixa remuneração fez com que ela, a partir de 1997, começasse a prestar concursos públicos. Aprovada no processo de seleção da Prefeitura Municipal de Campinas, em 1998, ela não ingressou imediatamente. Durante a espera de 4 anos, fez uma especialização na Unicamp em “Atividade Física Qualidade de Vida”. Mas quando se preparava para fazer pós-graduação e dar aula em faculdade, foi chamada e contratada pela Secretaria de Esportes.
O desafio inicial foi na Praça de Esportes Orestes Quércia, em Barão Geraldo, que tinha um campo e uma quadra, praticamente ocupados por representantes da associação de moradores, Subprefeitura e por funcionários do Distrito Policial. “Foi preciso habilidade para negociar e conscientizar que era possível, em parceria, todos se respeitarem e conviverem bem”, relembra.
A partir deste episódio, conquistou confiança e credibilidade e foi promovida a chefe da praça. Ajudou também a administrar o Clube Municipal João Carlos de Oliveira. Contribuiu na efetivação do projeto pedagógico das aulas no Ginásio Jorge Mendonça (Campo Grande) e Ginásio Nabi Abi Chedid (Cafezinho).
Desde 2014 tem o cargo de Instrutora de Práticas Esportivas, na função de Coordenadora de Formação Esportiva. Tem a responsabilidade de orientar e coordenar o trabalho executado pelos professores em todas as praças. Segue com as aulas de natação no Balneário do Parque Portugal. “Agradeço imensamente o prefeito Dário Saadi, o secretário Fernando Vanin, e os colegas Marcelo, Pepe e Osmir. Não esqueço do apoio dado pelo ex-diretor de esportes Domingos Gigli e pela ex-secretária Wanda Almeida,” reforça Renata Baronti.
Ela acredita na consolidação do Programa Escola de Esportes, projeto em desenvolvimento pelas secretarias de Educação e Esportes e Lazer. A meta é colocar o esporte dentro das escolas como disciplina extracurricular. Para potencializar Campinas como cidade formadora de atletas e fortalecer o alto rendimento, sonha com polos esportivos em todas as regiões do município e com piscinas cobertas.