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Pratas da Casa: Rogério Araújo
Prestes a completar 30 anos como servidor público, o médico Rogério de Oliveira Araújo, formado na PUC Campinas, especialista em Medicina Esportiva, aposta no desenvolvimento da dupla Esporte e Saúde para a melhoria da qualidade de vida da população em geral. Como médico, contribuiu diretamente para a criação do Projeto de Atendimento ao Idoso Fragilizado e Matriciamento das Unidades Básicas de Saúde, bem como para o Projeto de Capacitação e Especialização nas Condições Crônicas.
Com a autoridade de ex-atleta – chegou à Seleção Brasileira de Triathlon, em 1996 – é assertivo ao enfatizar a necessidade da atividade física. “Principalmente porque a pandemia alterou o comportamento de várias gerações, e a doença continua a provocar sequelas, apesar da vacinação reduzir o número de vítimas fatais”, aponta Rogério.
Há dois anos na secretaria de Esportes e Lazer, o médico faz a ponte com a Secretaria da Saúde, inovando e incrementando os programas pensados conjuntamente para propiciar qualidade de vida para os campineiros.
Serviço Público
O histórico de vida ligado ao esporte credenciou o Dr. Rogério Araújo a ser o agente encarregado de fazer convergirem os esforços da Saúde e do Esportes para desenvolver projetos voltados à população. A Covid 19 desacelerou o planejamento inicial, que aos poucos está sendo retomado para alcançar novamente os bons resultados já registrados em anos anteriores.
Os projetos de Atendimento ao Idoso Fragilizado e Matriciamento das Unidades Básicas (implementado em 2008) e o de Capacitação e Especialização nas Condições Crônicas (em vigor desde 2017) já assistiram mais de 100 mil pessoas desde o início do funcionamento. E muitos pacientes com problemas de hipertensão, diabetes, cânceres, fibroses pulmonares e asma, que totalizam cerca de 85% dos casos, conseguiram se recuperar com tratamento adequado e atividade física.
Os resultados inspiram a elaboração de novos projetos para a melhoria e a prevenção de doenças que atingem a população nas variadas idades.
“Os estudos cada vez mais comprovam a importância da intersecção saúde e esporte. Estes dois pilares, associados, são sinônimo de qualidade de vida. Exercitar-se é um hábito saudável que inibe doenças e proporciona um envelhecimento com autonomia”, avalia o Dr. Rogério.
Em um outro vértice, a obesidade e o sedentarismo se estabeleceram fortemente na vida dos jovens durante o período mais crítico da pandemia. A recente pesquisa Diet & Healt Under Covid 19 entrevistou 22 mil pessoas em 30 países e constatou que foram os brasileiros que mais ganharam peso nos últimos dois anos: “se nós não cuidarmos com carinho do nosso futuro, o custo vai ficar muito alto. O momento de transformação é agora”, alerta o médico.
A trajetória
A história de vida de Rogério se dividiu entre Caraguatatuba e o Vale do Paraíba, locais que foram portos seguros para a família, comandada pelo avô Washington Oliveira, farmacêutico, duas vezes prefeito da cidade litorânea. Apaixonado por saúde, o patriarca projetava a medicina na vida do neto Rogério. O DNA esportivo veio do pai, José Wilson, bancário e professor, que jogou nas categorias de base do São Paulo, e na baixada santista, quando jovem, atuou com Zito e Pepe, ídolos do Santos e da Seleção Brasileira.
Fontes inspiradoras, o pai e o avô acompanharam o crescimento de um menino com grande identidade pelo esporte, aliada a uma vocação precoce pela medicina. E Rogério foi correspondendo às expectativas: do ensino fundamental ao médio, dedicou-se às suas duas paixões de forma equilibrada. E o conhecimento de uma auxiliava o desempenho em outra. “Nas aulas de Educação Física, a habilidade neuropsicomotora me permitia alcançar bons resultados na maioria das modalidades esportiva que eu praticava”, relembra.
Aluno aplicado, ingressou na Pontifícia Universidade Católica de Campinas para cursar medicina e realizar o sonho coletivo da família, liderado pelo avô. A disciplina exigida de quem cuida de vidas cedeu espaço, por um tempo, à intensa atividade física de outros tempos. Membro da Atlética, na faculdade competia nos jogos da Intermed,competição que reúne alunos das faculdades de medicina, e, nesse período, descobriu que era muito bom nas provas de 1.500 metros e 5.000 metros, com fôlego privilegiado.
Esta condição inspirou, e ajudou, o recém formado a fazer a especialização em Medicina Esportiva, unindo seus dois talentos e contribuindo para seu sucesso profissional.
Seleção Brasileira
O ritmo acelerado dos profissionais da saúde estimulou Rogério a buscar um esporte que, além da dar prazer ao ser praticado, seria importante no equilíbrio emocional, e benéfico também para o corpo. Morando em Ubatuba/SP, começou cedo a se exercitar em mar aberto e a natação se tornou um referencial importante na juventude.
Depois veio a corrida, que se consolidou em sua vida durante as competições universitárias, e daí a pedalar com técnica foi questão de tempo. Resultado: o três em um do Triathlon, por duas décadas, foi marcante.
“Escolhi por me agradar e, claro, por aptidão nas modalidades”, relembra Rogério. E pondera: “mas quem me influenciou, na época, foi a Rosana Merino, uma das atletas mais completas de Campinas. Ela chegou à Seleção Brasileira de Natação e, no Triathlon, influenciou muitos atletas, sendo modelo de dedicação. Interessante que a Fernanda Keller – a carioca que ajudou a despertar os brasileiros para o Triathlon e do Iroman, sendo seis vezes medalha de bronze no Iroman do Hawai, considerado um dos mais difíceis do planeta – tinha a exposição na mídia nacional, mas a Rosana sempre foi meu exemplo de dedicação, persistência e talento. Hoje, colega de secretaria, o convívio só reforça a admiração construída ainda no passado”, relembra.
O ápice como triatleta foi alcançado de 1994 até 2003. Os bons resultados conquistados no período renderam convocações para integrar a Seleção Brasileira de Triathlon. Em 1996, defendeu o país no Campeonato Mundial dos Estados Unidos, em Cleveland-Ohio. Também disputou Iromans , sendo que competiu por 11 horas 54 minutos e 28 segundos initerruptamente, em Florianópolis.
Lições do esporte
“A resiliência necessária ao atleta de alto rendimento para chegar ao pódio também é importante para todo o cidadão viver com qualidade”, diz Rogério, emprestando seu exemplo para estimular a prática esportiva mesmo em quem nunca se exercitou.
“Como médico e ex-atleta, tenho convicção de que a saúde pública pode melhorar muito com iniciativas unificadas entre esporte e saúde. Este é um desafio que vamos encarar e podemos vencer, com projetos sólidos, bem estruturados, entre as secretarias de Esportes e Lazer e a secretaria de Saúde”, aposta.
E o Dr. Rogério faz questão de dizer que, prestes a completar três décadas de serviços prestados à população como servidor público, está “cada vez mais animado”, e disposto a fazer os campineiros se mexerem.