Nossa Cidade
Pratas da Casa: Rosa Carolina Botelho
Quando se fala da Secretaria de Esportes e Lazer, logo pensamos em jogos disputados, arquibancadas cheias e torcedores animados. Lembramos das aulas que formam talentos desde a infância, de professores abnegados, da prática esportiva abrindo perspectivas nos bairros e dos troféus e medalhas constantemente conquistados por Campinas.
Mas cometemos uma injustiça, esquecendo que para tudo isso acontecer é preciso que um time de funcionários dedicados cuide dos bastidores. São eles que criam condições para que tudo se torne realidade em um ambiente higienizado e seguro, receptivo aos jogadores e aos visitantes, e que Campinas seja conhecida não só pela excelência das suas equipes, mas pela qualidade das instalações esportivas.
Quem pode contar essa história na condição privilegiada de testemunha e participante é a servidora pública Rosa Carolina Botelho, há 22 anos encarregada da gestão do Ginásio Poliesportivo Engenheiro Alberto Jordano Ribeiro, o Ginásio do Taquaral. Sua responsabilidade é cuidar do local, uma gama de tarefas que vai da segurança à faxina dos sanitários.
A missão requer planejamento, organização e acompanhamento minucioso, e é fundamental para que os frequentadores sejam recebidos com tranquilidade e bem-estar. O fluxo diário de pessoas no ginásio é de aproximadamente 500 pessoas, mas nos dias de eventos o número chega a dobrar.
Rosinha, como é chamada carinhosamente pelos alunos e professores, está sempre pronta para solucionar imprevistos e atender quem busca esclarecimento sobre qualquer assunto pertinente ao ginásio: “gosto de ajudar todo mundo. É muito bom quando você, de alguma forma, facilita a vida de quem precisa de algo”, afirma Rosa, dizendo que essa receptividade faz com que o visitante goste do tempo que passa no ginásio e volte outras vezes.
RH em 1986
A trajetória de Rosinha como servidora pública começou em 1986, na gestão do prefeito Magalhães Teixeira. Primeiro, ficou no RH, onde desempenhou o trabalho “com total dedicação” durante dez anos. E relembra, comovida e orgulhosa, da ocasião em que recebeu o contrato de trabalho: “foi o prefeito que me entregou, no quarto andar”.
Nessa época, começou a planejar seu crescimento profissional. E passando à ação, cursou a Faculdade de Pedagogia na Asmec-Associação Mineira de Educação Continuada-, em Ouro Fino.
Com a disposição de crescer na carreira pública, graduada em pedagogia, se inscreveu para uma avaliação promovida pela então secretaria de Esporte e Turismo que, na época ampliava o quadro de colaboradores e recrutava servidores de outras áreas. Após a prova escrita, foi entrevistada pelo professor Pádua Báfero, secretário na época, sendo aprovada para trabalhar na pasta.
A partir de 1997, começou a desenvolver funções administrativas no Largo do Café e Balneário Taquaral. Quando a secretaria foi transferida para a Estação Cultura, reivindicou a oportunidade de integrar o corpo administrativo do ginásio do Taquaral. Suas credenciais e a dedicação demonstrada ao longo dos anos contaram pontos, e foi atendida.
Uma história de vida
A identificação com o bairro Taquaral vem de um projeto familiar. Nascida em Itapira, mudou-se ainda na infância para Campinas. Residiu por pouco tempo no Cambuí, e logo depois, a família Botelho adquiriu um imóvel próximo ao Parque Taquaral, onde habitam até hoje.
Ainda adolescente, acompanhada pelo pai, José Botelho, frequentava os grandes jogos sediados no ginásio, quando a quadra ainda era no mesmo nível do piso. Um evento que tem lugar cativo na sua memória é a exibição dos Harlem Globetrotters, equipe norte americana que percorre o mundo, com apresentações que mesclam entretenimento, comédia, teatro e um basquete de altíssimo nível.
Rosinha se considera privilegiada por ter acompanhado tantos eventos na juventude e, agora, trabalhar diariamente num dos locais mais representativos da cidade, conhecido e respeitado por todo o país. A esse respeito, não tem modéstia nem papas na língua: “o Taquaral é um sucesso”, fala com a boca cheia.
Mas sabe que o sucesso é obra coletiva, e não esquece da colaboração fundamental “do nosso time, da faxina à segurança, que trabalha de forma planejada. “Temos uma rotina voltada aos eventos e uma programação para o dia a dia. Tudo tem que funcionar bem, sempre”, afirma.
Interação
Sem muito jeito para praticar esportes, Rosinha encontrou seu lugar na Secretaria de Esportes e Lazer com a habilidade de atender e servir generosamente a todos que frequentam o ginásio do Taquaral. E o espaço não só é amplo, mas múltiplo, formado não apenas por uma quadra cercada por arquibancadas e também por espaços onde se pratica ginástica rítmica, ginástica artística, pilates, ginástica localizada, muai thai, além das escolinhas do Vôlei Renata, vôlei adaptado e vôlei master.
Os projetos esportivos desenvolvidos no Ginásio do Taquaral estão todos com vagas preenchidas, e a maioria tem listas de espera. Dessa forma, duas ausências seguidas nas aulas onde o aluno estiver inscrito, já coloca Rosinha em ação: “Eu ligo diretamente, porque a gente se preocupa com as pessoas. Se está tudo bem, muito melhor. Agora, se o aluno não está disposto a continuar, aviso do desligamento e chamo imediatamente quem está na lista de espera”, explica.
O ambiente familiar, marca do Ginásio, foi construído ao longo do tempo e é perfeito para para receber alunos a partir dos quatro anos até os octogenários. A responsabilidade pela manutenção desse clima, tanto quanto das instalações físicas, e o convívio com os colegas não permite acelerar a aposentadoria e o fim do ciclo profissional. Mas já se sabe: quando a hora chegar e a decisão for tomada, o encerramento acontecerá forma discreta e silenciosa, marcas da conduta de Rosa Carolina Botelho nos 36 anos de serviço público.