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Prevenção da gravidez na adolescência: projeto no CS San Martin vira referência

Um projeto implementado pelo Centro de Saúde (CS) San Martin, na região Norte de Campinas, tornou-se uma das referências em Campinas sobre modelo de acolhimento às mulheres adolescentes e jovens que iniciam o uso de métodos contraceptivos.
 
A experiência é compartilhada pela médica ginecologista Roseli Silveira Boava Souza em meio à Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. 
 
"A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública pois está associada a complicações maternas e fetais como abortamentos, partos prematuros, pré-eclâmpsia, óbito materno e fetal, além de quadros de ansiedade e depressão. Além disso, compromete os anos de escolaridade tendo um impacto pessoal, familiar e social, e levando à perpetuação do ciclo de pobreza", ponderou.
 
Segundo ela, a unidade básica iniciou em outubro de 2022 um projeto de capacitação dos profissionais para atender às necessidades da população de 10 a 19 anos, quando a maternidade é precoce. As equipes também aprimoraram a assistência em casos que envolvem a troca de método diante de efeitos colaterais ou dificuldades de adaptação.
 
"Esse projeto trouxe à luz a necessidade de que toda a equipe deve estar consciente sobre a importância de não perder a oportunidade de não somente resolver as questões sobre contracepção quando for essa a demanda, mas também incluir na anamnese a pergunta ao usuário sobre uso de contraceptivo e prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) quando a demanda for outra", explicou Roseli.
 
A médica enfatizou que o olhar atento de todos os profissionais do CS tem sido essencial para que sejam indicados às mulheres de grupos vulneráveis do território os métodos de longa duração: DIU de cobre, DIU hormonal Mirena e implante subdérmico de etonogestrel (implanon). Eles também são oferecidos nos outros 66 centros de saúde de Campinas, onde também há camisinha, anticoncepcional oral e anticoncepcional injetável mensal e trimestral.
 
"A existência do Grupo de Planejamento Familiar na unidade todas as terças-feiras, das 8h às 12h, com agenda por livre demanda, também é considerado um fator facilitador. Fizemos também uma atividade em uma escola estadual com alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental e ensino médio, onde falamos sobre sexualidade na adolescência com foco na orientação sobre métodos contraceptivos e prevenção de ISTs", ressaltou Roseli. 
 
Segundo ela, desde o início do projeto o CS já forneceu 150 Dius (cobre e hormonal) e  fez 50 implantes de etonogestrel, metade deles em adolescentes. A médica lembrou que reduzir o número de casos de gravidez não planejada, sobretudo na adolescência, é uma política pública que precisa sempre ser valorizada.
 
"Nós, profissionais da Atenção Básica, temos um papel essencial nessa questão, sendo que a possibilidade de trabalho em equipe possibilita a conscientização de todos sobre a relevância do tema e soma esforços para que possamos num futuro próximo reduzir os índices de gravidez não planejada, principalmente entre adolescentes e outros grupos altamente vulneráveis", destacou Roseli.
 
 
 
 
 
Redução de casos
 
Campinas teve redução de 17% em casos de gravidez na adolescência nos últimos dois anos, de acordo com a Secretaria de Saúde. De janeiro a agosto foram 556 registros, número inferior aos verificados nos mesmos períodos de 2022 e 2021.
 
O total de registros representou, naquele período de oito meses, 6,74% do total. Os dados do terceiro quadrimestre de 2023 estão em fase de consolidação.

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