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Professor Kleber: de uma infância saudável ao estímulo e cuidados com idosos
Nascido em Campinas, no Bairro da Figueira II, em 1978, o professor Kleber Rodolfo Albino Ferreira, Servidor Público da Secretaria de Esportes e Lazer, tem um trabalho excepcional dedicado à população 60+. A infância saudável com os colegas na rua correndo atrás da bola, empinando pipa e jogando bets, são registros que seguem vivos na memória e são compartilhados com quem já experimentou atividades parecidas.
A técnica adquirida na prática, aliada ao conhecimento fornecido pelo ciclo acadêmico, permite ao professor Kleber integrar projetos e programas desenvolvidos pela secretaria da Saúde em parceria com a secretaria de Esportes e Lazer. Essa dedicação possibilita respostas de idosos fragilizados que voltam a desfrutar de boa qualidade de vida.
Família do esporte
As referências de infância são alimentadas por valores recebidos da mãe Leda Albino Ferreira e do pai José Ferreira, casal que se uniu por intermédio do esporte. Dona Leda, professora de Educação Física, integrou o quadro de profissionais da secretaria de Esportes da Prefeitura de Campinas até o ano de 1998. Baiano, apelido do pai, jogou futebol profissionalmente nos anos de 1960 e 1970, vestindo camisas tradicionais como da Ferroviária de Araraquara e do Comercial de Ribeirão Preto. O perfil com ligação incondicional ao esporte, é reforçado pelo irmão Kassius Marcelo Albino Ferreira, que também é professor de Educação Física.
O que parecia uma tendência natural, foi cercada de dúvidas e desconfianças na fase pré adulta do professor Kleber. O período escolar no Colégio Pio XII, o direcionou a fazer cursos técnicos de computação e tecnologia. Ao mesmo tempo, tentou fazer testes em alguns clubes de futebol, porém, sem sucesso. O vôlei também tinha espaço nos momentos de recreação. A interrogação sobre a trajetória profissional persistiu por um tempo.
Mas a indecisão foi a fonte inspiradora de reflexão para exteriorizar a vocação que ainda estava adormecida. Na inscrição do vestibular, nada de Computação de Dados, Filosofia, Biologia ou Direito. “A escolha pela Educação Física, por causa do esporte e dos movimentos, foi a opção que ao longo do tempo se consolidou como a mais assertiva”, define o professor Kleber.
Vida acadêmica
Mesmo aprovado no vestibular da Puc-Campinas em 1997, não foi possível cursar de imediato: “Tive que servir o exército naquele ano. Outro tipo de experiência na bagagem de vida”, assegura. No ano seguinte começou o curso de Educação Física e se transformou. O aluno razoável do fundamental e médio, ganhou maturidade, consciência da importância em aprender. Empenhado, abriu frentes de conhecimentos em cursos paralelos. Foi monitor de vôlei, a meta era ser treinador de equipe de grandes clubes, Superliga, trabalhar na Seleção Brasileira.
Sabia que para alcançar o que tinha projetado, os obstáculos apareceriam e seria necessário muita determinação para não desanimar. Então, fez um planejamento de acordo com o que o mercado oferecia naquele período. Frequentava a faculdade e foi à luta em academias. Era importante ganhar dinheiro porque a receita significava aperfeiçoamento e conhecimento.
A formatura em 2001, foi o alvará para dimensionar a realidade do mercado que o professor de Educação Física encontraria. Precisou pegar estrada. Trabalhou em Jaguariúna dando aulas de futsal, natação e recreação. O treinamento personalizado, outro segmento adotado, revelou a importância de uma atenção especial com a população idosa.
O Servidor Público
Enquanto melhorava o currículo ao fazer vários cursos nas mais renomadas instituições de ensino do estado de São Paulo, não perdia de vista a pretensão de se tornar Servidor Público. A trajetória percorrida por dona Leda (mãe), Servidora Pública por mais de 35 anos, foi importante para consolidar o que vinha sendo maturado já há algum tempo.
Depois de aprovação no concurso, foi chamado para integrar o “time” de professores no Departamento de esportes vinculado à Secretaria de Cultura, em 2003. O primeiro trabalho executado como professor de Educação Física e Servidor Público foi no Bosque dos Cambarás, no DIC V.
Com aulas de vôlei de areia, ginástica, natação e futsal, teve alunos de todas as faixas etárias, inclusive crianças. Neste período inicial, também deu aulas na Praça de Esportes Dorival Daniel Waetge (São Vicente), Praça de Esportes Tancredo Neves, Taquaral e Praça de Esportes Ferdinando Panattone. A partir de 2005, o direcionamento ficou todo voltado para a 3ª idade.
Esporte e Saúde para os Idosos
O envelhecimento da população mundial e, claro, nas principais metrópoles do país, como Campinas, aguçou no professor Kleber para uma perspectiva de trabalho junto aos idosos com quadros de saúde em vários níveis: “Sempre gostei deste envolvimento, podendo proporcionar efeitos fisiológicos e biológicos fantásticos nas vidas destas pessoas”, revela.
Interessado em participar de forma direta da melhoria da qualidade de vida das pessoas de 60+ passou a integrar o Conselho do Idoso, num primeiro momento, se estendendo à Academia da Saúde, projetos da Secretaria da Saúde compartilhados pela Secretaria de Esportes e Lazer.
Os estudos comprovam os inúmeros benefícios que a atividade física proporciona aos idosos, mesmo que o histórico de vida não tenha sido o mais adequado. O esporte para o idoso com porte atlético e vida saudável, continuará sendo importante para que ele se mantenha forte e disposto. Há também os idosos com limitações que aprimoram o condicionamento físico e passam a descobrir que seguem com total autonomia para cumprir as tarefas do dia a dia.
Os idosos fragilizados, com a saúde debilitada, muitas vezes com dificuldades de locomoção e dependentes de terceiros, podem encontrar na ciência a restauração da saúde por meio do esporte. A Academia da Saúde, na rua Padre Vieira, nº 958, região central de Campinas, e o Centro de referência à Saúde do Idoso (CRI), na Avenida Milton Christini, nº 1.728, Parque Taquaral, trabalham na reabilitação de idosos.
“O objetivo sempre é voltado para a saúde que vai desde o ambiente apropriado até a execução específica daquilo que o quadro do paciente pede. São inúmeros os casos de boa recuperação. Acabaram as quedas, voltaram a estender roupas no varal e carregam novamente a sacola de compras”, lembra o professor Kleber.
“A frequência ininterrupta de tratamento, seguida de treinamentos, traz resultados fantásticos a quem necessita.”Ressalta o Professor. Uma realidade cada vez mais presente nos dias atuais, principalmente porque o envelhecimento em Campinas hoje abrange uma população superior a 200 mil pessoas. Por isso, a comunhão entre o esporte e a saúde é a melhor fórmula para se envelhecer bem.