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Projeto Música no Quintal lança documentário sobre ancestralidade e resistência africana em Campinas
O projeto Musica no Quintal, formado por músicos e produtores audiovisuais de Campinas lança no dia 13 de dezembro, o documentário “Musica no Quintal e os Vissungos”. A estreia será no GOMA Arte e Cultura, em Barão Geraldo, às 19h. Este projeto foi contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (Ficc) de 2022, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Idealizado pela pianista Carol Leão, abraçado pela produção audiovisual de Gabi Perissinotto e Marcel Vecchia (GAMA Produção Visual) e pelo pesquisador Antô Deval, em 2023 o documentário visita novos quintais, culturas ancestrais e raízes fortalecidas por vínculos afetivos e de resistência pelos povos africanos escravizados no Brasil através de um estudo aprofundado do grupo Tlhangana sobre os vissungos.
“Para esta edição do Música no Quintal, apresentamos o trabalho artístico e cultural que vem sendo feito pelo Tlhangana, formado por Graciela Soares, Marcelo Santhu e Otis Selimane Remane”, conta a idealizadora do Música no Quintal e pianista Carol Leão. “O quintal escolhido para as gravações deste documentário foi a Fazenda Roseira, sede do Jongo Dito Ribeiro, casa e quintal para tantas, tantes e tantos na cidade de Campinas”.
Tlhangana
Para compor o grupo de musicistas do Música no Quintal em 2023, o projeto convidou Graciela Soares, Marcelo Santhu e Otis Selimane, músicos que formam o Tlhangana.
O grupo busca promover, por meio da união de artistas pretos, um reencontro entre Brasil e África. Com o propósito de pesquisar, resgatar e difundir as diferentes linguagens culturais provenientes do continente-mãe, os paulistas Graciela Soares e Marcelo Santhu, se juntam ao moçambicano Otis Selimane, estabelecendo pontes comuns entre os continentes no resgate do passado, na valorização do presente e nas idealizações para o futuro.
Os Vissungos
Denominados cantos de trabalho, os vissungos tiveram uma primordial função social, como explica a cantora Graciela Soares: “Tem o canto da tarde, o canto do amanhecer, o canto para falar mal do senhor… então eles usavam isso como código, às vezes um canto para avisar que vai ter uma tentativa de fuga ou avisar que uma pessoa morreu”.
Eles misturam dialetos africanos como o umbundo e o quimbundo ao português arcaico. Além das minas de ouro, esses cantos podiam ser observados em diversas situações da vida cotidiana do negro escravizado, como no trabalho dos terreiros, nas brincadeiras e no cortejo dos enterros.
Os vissungos presentes neste álbum e apresentados no documentário Música no Quintal foram recolhidos pelo filólogo mineiro Aires da Mata Machado Filho em contato com os negros benguelas de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina/MG.
Fazenda Roseira
O quintal escolhido para somar com a produção documental do Música no Quintal neste ano é a Casa de Cultura Fazenda Roseira. Fundada em 1920, a casa é hoje reconhecida como Patrimônio Material e Imaterial da cidade e é também a sede do Jongo Dito Ribeiro. Ela é preservada com o objetivo de fomentar o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento técnico, científico e institucional, intercâmbio e demais ações e projetos voltados à recuperação e preservação do patrimônio, da memória e da cultura afro-brasileira, com ênfase no campo da antropologia, etnografia, culinária, artes, museologia e outras áreas afins.
Serviço
Lançamento do documentário “Música no Quintal e os Vissungos”
Data: 13/12/2023 (quarta-feira)
Horário: 19h
Local: GOMA Arte e Cultura
Endereço: avenida Santa Isabel, 518, Vila Santa Isabel
Entrada gratuita