Nossa Cidade
Respeito à diversidade deve ser o mote do Carnaval de Campinas
O Carnaval começou nesta sexta-feira, 9 de fevereiro, e como o momento é de alegria, não deve haver espaço nas festas e desfiles para discriminação de gênero, etnia, orientação sexual ou religião. Esta é a orientação da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e seu Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Na hora de aproveitar a festa, os foliões devem dar uma atenção especial às fantasias que podem ser preconceituosas e denotarem descompasso com os direitos humanos. Entre elas, estão o uso de "blackface", que é quando uma pessoa pinta o rosto de marrom ou preto para imitar uma pessoa negra, ainda que com o pretexto de ser uma homenagem, e a de pessoa indígena, que reforça estereótipos coloniais, além de generalizar as diferentes etnias.
No caso do ‘blackface’, geralmente também dão ênfase exagerada para os lábios vermelhos e até mesmo uma peruca que remete ao cabelo afro. "Partindo do princípio de que as pessoas negras ainda são vítimas de violência racial por conta de estereótipos é extremamente importante olhar para isso. As características fenotípicas do corpo de pessoas negras não são fantasia", ressalta a gestora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, Jacqueline Damázio. “Isso traz um desconforto muito grande às pessoas negras, constituindo-se assim no Racismo Recreativo que legítima o estereótipo negativo ao causar humilhação”, destaca.
Portanto, deve-se prestar atenção para não usar trajes religiosos como fantasias (veja mais abaixo) ou ainda vestimentas que ridicularizem ou sexualizem quem exerce determinada profissão. Vale lembrar ainda que mesmo que pareça "brincadeira", jamais deve-se incitar crime ou ódio a qualquer pessoa por suas características físicas, convicções políticas ou religiosas.
“O Carnaval saudável foge das caricaturas e não expõe identidades enquanto fantasias, ou seja, as deficiências físicas também merecem respeito”, disse
Histórico
A história do Carnaval está embebida na própria constituição do Brasil. Enquanto país de colonização europeia, a festa traz a herança do entrudo português e das máscaras italianas, porém, o formato atual surgiu a partir de manifestações culturais da população escravizada que vivia no país. "É uma construção extremamente afrocentrada que se reflete nas escolas de samba e nas escolhas dos temas de sambas enredos do passado e da atualidade. Há uma reverência à ancestralidade, no cuidado com as baianas e com a velha guarda das escolas de samba", destaca Jacqueline.
A identidade negra se reflete também nos blocos afros. "Em Campinas, há o Afoxé Ylê Ogum na Vila Ipê e o Maracatu Nação Urucungos na Vila Teixeira. Isso é muito importante para a cidade porque é uma maneira de manter viva essa origem negra através dos ritmos africanos", diz a gestora.
Ela ressalta que é preciso respeitar as manifestações culturais afro que se fazem presentes no ritmo da música, nos instrumentos musicais, nas vestimentas e na intencionalidade. "Porém, trajar roupas que remetem a figuras religiosas apenas como fantasia de Carnaval não é algo que se deva fazer. A vestimenta de um pai de santo ou de uma mãe de santo – sacerdotes de religiões de matriz africana – também não são fantasia. Isso é extremamente desrespeitoso", alerta Jacqueline.
Centro de Referência
Se for vítima ou precisar de alguma orientação sobre racismo, entre em contato com o CR em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa. O Centro previne e combate a discriminação racial e religiosa por meio de ações educativas, acolhimento, acompanhamento e encaminhamentos de denúncias sobre racismo.
Contato
Telefones: (19) 3232-6431 (número com WhatsApp) / 0800 771 7767
Endereço: avenida Francisco Glicério, nº 1269 – 4º andar – Centro
Horário de Atendimento: das 9h às 17h (de segunda a sexta-feira)