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Sala de Situação, reorganização e novo site: Campinas anuncia ações contra dengue

Campinas anunciou nesta terça-feira, 19 de dezembro, um pacote de novas ações contra a dengue que estabelece uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e criação de novo site para informar a população.
 
Além disso, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) divulgou um novo alerta sobre elevado risco de transmissão da doença que abrange oito áreas, e dados que mostram a situação epidemiológica na cidade. A medida ocorre em meio ao alerta para a possível reintrodução dos vírus tipos 3 e 4 da doença na cidade. Veja abaixo detalhes.
 
A Secretaria de Saúde já havia declarado epidemia em abril e o objetivo é evitar uma explosão de casos e novas mortes, além de levar mensagem sobre a necessidade de cuidados à população. Neste ano, Campinas já registrou 10.293 casos confirmados e três mortes pela doença.O total de infectados é o sexto maior da série histórica desde 1998.
 
 
Novas ações
 
O pacote de medidas anunciadas nesta manhã pelo prefeito Dário Saadi tem:
 
– Criação de uma Sala de Situação das Arboviroses para análise sistemática
 
– Divulgação em massa das orientações para eliminar e evitar criadouros do Aedes aegypti em TV, rádios, redes sociais, incluindo impulsionamento de conteúdo para regiões mais afetadas
 
– Atualização diária de um novo site sobre arboviroses para informar a sociedade e divulgar materiais educativos. Ele continua no endereço: https://dengue.campinas.sp.gov.br/
 
– Uso de carros de som para levar a comunicação aos bairros e engajar os moradores na prevenção
 
– Uso de painéis em caminhões da coleta de lixo
 
– Reorganização das redes pública e particular de saúde, incluindo capacitação de equipes para diagnóstico e tratamento a partir de janeiro de 2024, compra de insumos (itens com alta de até 100% para suprir demanda), possível criação das salas de hidratação, aumento da capacidade laboratorial e monitoramento de pacientes e casos suspeitos de dengue
 
– Mobilização da máquina pública
 
– Atuação junto à sociedade civil, incluindo apoio de conselhos e instituições religiosas para orientar respectivos públicos
 
– Reforço da comunicação sobre a importância da hidratação no tratamento, sobretudo idosos infectados
 
– Intensificações dos mutirões
 
 
O prefeito enfatizou que o enfrentamento à dengue exige responsabilidade compartilhada entre Poder Público e população, e destacou a importância da transparência. “É um instrumento importante para enfrentar qualquer situação, foi fundamental no enfrentamento à covid-19 e seremos agora”, destacou Dário.
 
O secretário de Saúde, Lair Zambon, lembrou que a dengue, ao contrário de outras doenças, se caracteriza pela previsibilidade e por isso é necessário a contrapartida da população, ao mesmo tempo que a Administração toma medidas preventivas e de combate.
 
“Estamos tentando amenizar o que pode acontecer no início de 2024”, falou ao ressaltar a importância da eliminação de pontos com água parada e possíveis focos do Aedes.
 
À frente da Secretaria de Serviços Públicos, Ernesto Paulella destacou que equipes da Pasta recolhem diariamente média de 200 toneladas de entulho, incluindo materiais que podem servir de criadouros para o mosquito transmissor da dengue. “São descartados de forma irregular e, via de regra, há criadouros”, falou ao pedir conscientização e mencionar que Campinas conta com ecopontos que recebem todo tipo de resíduo, exceto orgânicos.
 
 
Riscos e preocupação
 
A Secretaria de Saúde destaca preocupação com a possível volta da circulação dos vírus tipos 3 e 4 da dengue em Campinas. Por enquanto não há registros na metrópole, mas outros municípios brasileiros já confirmaram casos de infecções por estes dois tipos.
 
O tipo 3 do vírus circulou pela última vez na cidade em 2009, e o tipo 4 foi registrado anteriormente em 2014. Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença antes são considerados os grupos mais vulneráveis. Além disso, há risco de dengue grave quando uma pessoa é infectada por um tipo diferente ao anterior.
 
A recorrência das ondas de calor favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença e outras arboviroses como chikungunya.
 
 
Aumento de 296%
 
Levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostra que o índice de infestação pelos mosquitos nos imóveis, obtido pela avaliação de densidade larvária, quase triplicou em um ano: era 0,47 em 2022 e chegou a 1,22 neste ano, o que colocou Campinas na categoria de alerta para essa análise. Já o Índice de Breteau, que trata sobre o número de recipientes com larvas nos imóveis, passou de 0,5 para 1,4 neste mesmo período.
 
De 27 de agosto a 9 de dezembro, a Secretaria de Saúde registrou 997 casos confirmados, alta de 296% sobre os 252 no mesmo período do ano passado. Isso significa tendência de aumento dos casos confirmados a partir de janeiro e o objetivo da Administração, com as novas medidas, é evitar cenários dramáticos como o de 2015, quando houve a maior epidemia de dengue da história na cidade com 65 mil casos e 15 vidas perdidas.
 
 
Imóveis sem acesso
 
Neste ano, a Pasta também verifica crescimento, pelo terceiro ano consecutivo, da taxa de pendência em ações de combate à dengue. Desde janeiro, metade dos imóveis visitados estava inacessível por estar fechado, desocupado ou por conta da recusa de moradores.
 
 
– 2020: 43,5%
 
– 2021: 44,7%
 
– 2022: 46,9%
 
2023: 50,3%
 
 
A Saúde reforça que os agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvida, ligue para o 156.
 
“A gente está bastante preocupado pro ano que vem e com uma tendência de aumento de casos muito grande. Se continuar assim, temos o risco de ter uma epidemia de grandes proporções”, alertou a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben.
 
 
Bairros em alerta
 
Campinas tem oito áreas em situação de alerta para elevado risco de transmissão da dengue. São elas:
 
 
– Centro e Mansões Santo Antônio – Leste
 
– Jardim Florence 2 – Noroeste
 
– Jardim do Lago – Sul
 
– Jardim Eulina e Parque Via Norte – Norte
 
– Jardim Adhemar de Barros e Jardim Santo Antônio – Sudoeste
 
 
Combate à doença
 
A luta contra as arboviroses exige uma contrapartida da sociedade. A Prefeitura mantém um programa de controle e prevenção da doença, mas cada cidadão precisa colaborar destinando corretamente resíduos e evitando criadouros. Levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) diz que 80% dos criadouros estão nas residências.
 
Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar qualquer acúmulo de água, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes, calhas e outros objetos. É importante, também, vedar a caixa d’água e manter fechados os vasos sanitários inutilizados.
 
 
Orientações sobre assistência
 
Caso o morador tenha febre e mais dois sintomas associados (dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular, dor atrás dos olhos), ele deve procurar um centro de saúde de Campinas para receber atendimento médico.
 
Por outro lado, se apresentar tontura, dor de barriga muito forte, vômitos repetidos, suor frio e sangramentos, a busca por auxílio deve ser feita em pronto-socorro ou em UPA.
 
A orientação da Secretaria de Saúde para pacientes com sintomas da dengue é a busca pelos centros de saúde. Os endereços e horários de atendimento estão disponíveis no site da Pasta: https://portal.campinas.sp.gov.br/secretaria/saude/pagina/centros-de-saude.
 
 
Comitê de prevenção
 
Em 2015, a Prefeitura criou o Comitê de Prevenção e Controle das Arboviroses, que neste ano passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. "Estamos extremamente preocupados e o Comitê está em condições para enfrentamento nos próximos meses", afirmou o diretor da Defesa Civil, Sidnei Furtado.
 
O grupo reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.
 
No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais. Mais informações no hotsite: https://dengue.campinas.sp.gov.br.
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