Nossa Cidade
Secretaria de Cultura celebra os 50 anos do Hip Hop com proposta de atualização de conselho
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo está promovendo encontros para discutir e receber propostas do movimento Hip Hop para atualizar e ativar o Conselho Municipal de Hip Hop do Brasil. Nesta sexta-feira, 11 de agosto, celebram-se os 50 anos do surgimento do movimento cultural, que nasceu nas ruas de Nova Iorque e chegou ao Brasil na década de 1980. Para marcar a data simbólica, a Administraçaõ Municipal tem atuado para construir o Projeto de Lei que atualizará o Conselho – Campinas é a única cidade do Brasil a ter um órgão do tipo voltado para essa experssão cultural, criado por lei em 2004.
O objetivo das discussões é possibilitar que os participantes da cultura Hip Hop na cidade tenham um espaço permanente de diálogo com o poder público, com estrutura para garantir que esta manifestação cultural tenha longevidade e continue se reinventando.
“Mais do que fazer um show ou fazer um evento, a nossa intenção neste momento para comemorar o aniversário do Hip Hop é criar uma estrutura que garanta o funcionamento e longo prazo e dê condições do movimento se fortalecer”, destaca a secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli.
O diretor de Cultura, Gabriel Rapassi, complementa que o próprio processo de construção de uma alteração da lei do conselho municipal do Hip Hop já é um exercício prático de atuação conjunta do poder público com todo o movimento, “que participou ativamente da construção desta proposta e chegou a um consenso após um amplo processo de debate”.
A Secretaria também tem adotado outras ações para abarcar o movimento cultural Hip Hop de Campinas e seus elementos – graffiti, break, MC e DJ. No começo deste mês, a pasta lançou um edital de credenciamento de grafiteiros para executar as Intervenções Artísticas de Arte Urbana, por meio das técnicas do Grafite e do Muralismo, em murais, empenas, fachadas e similares localizados em vias e locais públicos do município e em imóveis que impactem a paisagem pública e o ambiente urbano.
O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) também recebeu solicitação de Estudo do Movimento Hip Hop no município de Campinas para o Registro como “bem de natureza imaterial”. O Conselho trabalha agora na elaboração do parecer inicial para apreciação dos conselheiros e assim dar início ao estudo e pesquisa de campo.
Eventos
No próximo final de semana, 19 e 20 de agosto, será realizado o Goma Festival de Dança em Campinas, na Estação Cultura, com entrada gratuita. O evento é voltado à diversas atividades voltadas ao breaking, entre elas, uma competição em que o ganhador irá representar o Brasil na Outbreak Slovakia 2024, o maior campeonato de breaking do mundo.
Em outubro, também será realizado o Campinas Hip Hop Festival que chega este ano a sua 10ª edição. O festival está previsto para 15 de outubro, na Estação Cultura.
Impacto
O campineiro Ciro do Hip-Hop, rapper, ativista e membro do primeiro Conselho Municipal de Hip-Hop do Brasil, formado em Campinas pela Lei Municipal nº 12.031, de 16 de julho de 2004, diz como este movimento impactou diretamente sua vida.
O Hip Hop, para Ciro, “é um movimento que nos resgata do estado de violência, de depressão, de dificuldades porque tem esse impacto, desde o seu início o movimento de luta de auto- afirmação, de uma população negra excluída. Ele é um movimento social, político, de articulação; é cultural porque chega nas pessoas por meio da música, da dança ou das artes expressas nos muros”, diz.
“O Hip Hop cumpriu este papel me deu poder de consciência, de autoafirmação, de luta, de compreensão da minha vida, de quem eu sou, onde estou, como estou e porque eu vivo desta forma. De me colocar nesta sociedade racista e viver com a possibilidade de lutar. A minha participação hoje no movimento é de devolver tudo que o Hip Hop me deu, de dar esta capacidade toda a minha luta e empenho. Eu devo ao Hip Hop quem eu fui, quem eu sou, a família que eu construí porque o movimento que me traz tudo isto todos os dias”.
Hip Hop Campinas
O movimento Hip Hop de Campinas sempre teve uma característica forte tanto relacionado a cultura com grande atuação de MC´s, DJ´s, Breaking e Graffiti e além disso todos os integrantes atuam fortemente na militância e ativismo social e cultural. Desde meados dos anos 80 a Cultura Hip Hop se apresenta de diversas maneiras tanto em eventos, bailes, ações e shows como na atuação e gestão política. “Daqui saíram grandes nomes expoentes da cultura Hip Hop representantes de todos os elementos da cultura quanto projetos políticos únicos na história do movimento Hip Hop do Brasil”, explica Ciro.
Segundo ele, em meados dos anos 90 grupos de rap (Mc´s e DJ´s) se organizaram em uma posse (associação) que na época foi considerada uma das maiores do país, b.boys e b.girls organizados estruturaram projetos e atuação em parceria com poder público para potencializar o segmento. “O graffiti foi na mesma linha e manteve-se organizado também, todos os elementos da cultura hip hop de Campinas atuaram unidos e no início dos anos 2000 conquistaram e constituíram políticas públicas de fato para o movimento”.
Além do primeiro Conselho Municipal de Hip Hop do Brasil, com legislação própria e atuação organizada dos ativistas do movimento, nessa mesma época foi criada a Casa do Hip Hop de Campinas, um espaço organizado, gerido em parceria com o poder público municipal. “Estas duas conquistas servirão para consolidar e fortalecer a perenidade das ações do movimento hip hop da cidade”, destaca Ciro.
Ciro cita grandes nomes do movimento Hip Hop que despontaram da cena local: no rap: Grupo Visão de Rua – um dos grupos de rap feminino mais ativos, respeitados e conceituados da história do rap nacional Grupo Sistema Negro – referência no rap nacional.
Como MC, Eveline – MC da nova Punka, Jords Mc, DaLua e Malcon GDN. Como DJ: Dj Clandestina e Dj Piá. No Graffiti: Nuss e Mirs e no Break: Lu B Girl, Cassião B Boy, China B. Boy e Kiko Brown.