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Secretaria de Saúde promove ações sobre prevenção ao suicídio
A Secretaria Municipal de Saúde promoveu na manhã desta quinta-feira, dia 19 de setembro, um evento sobre prevenção ao suicídio, dentro da programação do mês Setembro Amarelo, de conscientização sobre o tema. O evento contou com a participação de especialistas da Prefeitura de Campinas, professores da Unicamp e profissionais e estudantes das áreas de saúde, educação e assistência social. A abertura foi feita pela secretária Municipal de Saúde, em exercício, e diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, e pela coordenadora de Saúde Mental de Campinas, Sara Sgobin.
Segundo Andrea Von Zuben, o Devisa classicamente é conhecido por trabalhar com doenças transmissíveis, mas está atuando cada vez mais em vários aspectos das doenças crônicas não transmissíveis, em parceria com outros órgãos da Prefeitura e com a Unicamp. “Temos a possibilidade de não somente produzir um instrumento como o boletim de mortalidade por suicídio, mas também gerar ações e mudanças de atitude. É muito importante que tenhamos esses instrumentos, possamos falar deles e trabalhar a prevenção para que hajam mais políticas públicas que levem a uma queda nesses números”, afirmou.
A primeira palestra do dia foi com a médica e professora da Unicamp, Marilisa Berti A. Barros, que integra o Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A professora apresentou dados do Boletim Número 57 do Projeto de Monitorização dos Óbitos no Município de Campinas. “A ideia de desenvolver esse boletim foi conhecer melhor o perfil do suicídio em Campinas, com dados da mortalidade por área de abrangência de centros de saúde”.
O Boletim sobre o tema suicídio, divulgado em junho pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, em conjunto com o Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, aponta que, enquanto em 2.000, os suicídios respondiam por apenas 3,7% dos óbitos por causas externas em Campina, em 2017 eles correspondiam por 10,8% dessas mortes. O boletim também traz informações relevantes sobre a mortalidade de suicídio entre homens e mulheres.
A segunda palestra, promovida pelo psiquiatra e professor da Unicamp, Neury José Botega, abordou o fenômeno do suicídio e sua prevenção. O professor ressaltou o fato de que o suicídio ocorre como uma combinação de fatores e não pode ser simplificado e que é necessário proporcionar acesso à informação de qualidade para a população. “A informação sensibiliza a sociedade, gera hipóteses e orienta as políticas públicas. A maioria dos países, 83% deles, conseguiram diminuir o número de suicídios, mas o Brasil está entre os 17% que continua crescendo”.
O professor discorreu sobre as estratégias que devem ser realizadas para barrar esse crescimento, citando, por exemplo, aquelas que são universais como a conscientização da população e a redução do acesso a meios letais. “Quando se bloqueia o acesso, ganha-se mais tempo para trabalhar com essa pessoa”, afirmou. Ele falou ainda sobre as ações seletivas, adotadas para públicos específicos e sobre a necessidade de intervenção breve.
Encerrando o evento, a coordenadora de Saúde Mental de Campinas, Sara Sgobin, falou sobre os serviços municipais e os protocolos de ação. “Hoje no município, todas as tentativas de suicídio que são atendidas nas unidades de urgência e emergência, como os Prontos-socorros e Unidades de Pronto Atendimento, têm que ser notificadas para os centros de saúde de referência do paciente. Desta forma, a atenção primária pode buscar ativamente esta pessoa”. Sara também destacou que os diversos órgãos da Secretaria Municipal de Saúde trabalham em conjunto e com outros serviços, como unidades de saúde estaduais e a Rede Mário Gatti.